domingo, agosto 19, 2007

sexta-feira, agosto 10, 2007

Oligarquia da Mídia

por Anderson Farias – Blog Minha Política

As oligarquias são grupos sociais formados por aqueles que detém o domínio da cultura, da política e da economia de um país e que exercem esse domínio no atendimento de seus próprios interesses, em detrimento das necessidades das massas populares.

Para um observador mais atento, pode-se facilmente perceber que a grande mídia brasileira atualmente forma um grupo afinado. Basta observar como se dá a repercussão de “fatos” divulgados por um dos seus integrantes: Globo (TV, O Globo, Época, etc), Editora Abril (Veja, UOL, Exame, etc), Estadão e Folha de SP.

O procedimento é o seguinte: um dos membros do clube divulga um furo, embasado freqüentemente por uma fonte anônima. Este furo de alguma forma compromete o governo e sempre é apresentado sob forma de denúncia.

Os demais integrantes do clube repercutem a denuncia de forma coordenada, baseados sempre em indícios e nunca em provas. Estes indícios rapidamente se tornam verdade e são publicados com estardalhaço nas capas dos principais jornais e revistas e apresentado em destaque no Jornal Nacional.

Na seqüência da campanha de divulgação, os “formadores de opinião”, como se auto-intitulam os colunistas da grande mídia, encarnam a dita opinião pública e clamam, em nome do povo, por providencias do governo, através de artigos de opinião, que repetem ad eternum a versão imposta pelas patrões.

Para completar o ciclo, parlamentares oposição sobem as tribunas das suas casas legislativas e, com as revistas ou jornais em punho, exigem CPIs, renuncias, impeachment e até golpes de estado, como chegaram a insinuar alguns politicos.

Como exemplo mais recente de aplicação deste procedimento pode-se citar a divulgação do acidente da TAM, com o devido atestado de culpa do governo, definido ainda com o avião em chamas.

É publico e notório a forma como se colocou a tragédia que, posteriormente, se mostrou resultante ou de falha humana ou de manutenção, ou ainda de projeto do avião, isentando, em todos os casos a pista de Congonhas e, em ultima instancia o Governo Federal. Mesmo diante dos fatos, a mídia se mantém afinada em evitar que as versões posteriores, e verdadeiras, substituam de forma peremptória a versão original.

Para quem acha exagero as acusações de golpismo da mídia em relação a Lula e acredita que a cobertura da tragédia da TAM foi exceção, basta lembrar da forma que foram divulgados os "escândalos" anteriores, sempre seguindo o procedimento comentado acima. Quem não se lembra do Dossiêgate, Vavágate, Renangate e tantos outros “gates" estampados nas capas da grande mídia.

O objetivo da terminologia é cristalino, mas me dou ao trabalho de explicar. O termo é referência ao “Watergate”, escândalo político ocorrido na década de 1970 nos Estados Unidos da América que, ao vir à tona, acabou por culminar com a queda do presidente Richard Nixon. Não é necessário explicar que quando um jornal ou revista de circulação nacional usa uma terminologia desse tipo, está claramente sugerindo que o fato em questão deveria ter como desfecho a queda do presidente.

Outro exemplo recorrente é o batismo do problema da crise aérea de “apagão aéreo”, buscando obviamente criar um apagão para o governo Lula, dado o fatídico apagão elétrico do governo FHC. A pequena diferença é que sob o apagão verdadeiro, o de FHC, o PIB do Brasil foi negativo e as perdas para o País se conta em bilhões, enquanto o “apagão” de Lula não chega a afetar o PIB e atinge não mais do que 5% da população.

Por outro lado, quando as denuncias se referem aos seus pares, a grande mídia faz vistas grossas e utiliza critérios diferenciados para destilar sua indignação. Sem precisar ir muito longe, cito a denuncia do presidente do Senado, Renan Calheiros (sem entrar no mérito da sua honestidade), contra a Editora Abril, que publica a revista Veja, principal meio no ataque ao político.

Renan acusa a editora, através de carta aberta aos demais senadores, a criar uma cortina de fumaça para ocultar uma negociata de bilhões de reais. Ora, em um país onde a mídia repercute escandalosamente a denuncia de um caseiro subornado e doleiros presos, porque se calar diante da denuncia do presidente do Senado? O JN se limitou a divulgar alguns trechos da carta, omitindo, obviamente a denuncia do senador contra a Veja.

Enfim, o que se vê atualmente na grande mídia é uma unanimidade, uma defesa incondicional de versões especificas dos fatos, com objetivo de atender interesses específicos, sem nenhum tipo de contraponto. As opiniões divergentes, essenciais para o desenvolvimento do senso critico e tão necessárias para o correto funcionamento da democracia, já não tem mais espaço nos principais meios de comunicação.

Jornalistas e colunistas contrários à ideologia dos patrões aos poucos vão perdendo espaço até serem totalmente abolidos, como no caso da revista Veja, que atualmente se porta como panfleto político de direita. Pluralismo zero.

O clube da grande mídia, trabalhando em conjunto, domina a comunicação de massa e impõe suas verdades de acordo com os seus interesses de momento, em beneficio próprio e contra os interesses do povo, ou seja, esse clube forma a mais perigosa das oligarquias, a Oligarquia da Mídia.