quinta-feira, outubro 18, 2007

Otimismo de Curto Prazo

Seguem alguns trechos da exposição realizada no dia 17 de outubro de 2007 por Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, no 3º. Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, organizado pela CMS, em São Paulo.
  • O Brasil está na lista de compras de todos os investidores globais. O apetite para a tomada de risco do setor privado brasileiro é forte – é o que mostra uma pesquisa com 1200 empresas clientes do Bradesco. Esse apetite para tomar risco tem hoje o seu melhor momento desde o início da série organizada pelo banco.

  • A crise do sub-prime americano já "deixou o mundo para entrar na História". Desde 17 de julho – quando a crise eclodiu – para cá, o valor de mercado dos 50 maiores bancos europeus e dos 50 maiores bancos americanos já voltou aos níveis anteriores a 17 de julho. Por causa dessa crise não se verá "nenhum cadáver boiando", nenhuma grande instituição financeira vai morrer.

  • O grande debate é sobre em quanto se reduzirá o crescimento econômico americano. Os Estados Unidos são 33% do PIB mundial, embora, hoje, a China tenha um impacto maior sobre a economia mundial que os Estados Unidos. A duvida é: os Estados Unidos vão crescer 2% ou 1% em 2008? O mais provável é que cresçam 2% e o mundo inteiro vai ficar feliz.

  • O cenário mundial para as commodities é positivo – especialmente por causa da China – e deve durar ainda entre 10 e 15 anos (O Governo chinês decidiu que toda cidade com mais de três milhões de habitantes tem que ter metrô. A China tem 72 cidades com mais de três milhões de habitantes). Países como Brasil, Argentina, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, África, exportadores de commodities, devem se beneficiar com isso.

  • Desde 2002 o Brasil triplicou o volume de importação e exportação. Nos últimos 12 meses, entraram no Brasil US$ 50 bilhões em investimentos estrangeiros diretos. A diversificação das exportações é um diferencial do Brasil em relação aos demais países emergentes. O país exporta em percentuais parecidos para os Estrados Unidos, Mercosul, Europa e Ásia.

  • O Bradesco prevê que o crescimento do PIB brasileiro será de 4,9% em 2007, assim, a média de crescimento da economia entre 2004 e 2007 deve ficar em 4,3%, ante uma média de 1,9% entre 1999 e 2003. Hoje, há 22 trimestres consecutivos há crescimento do PIB, o que representa o maior ciclo de crescimento econômico dos últimos 15 anos.

  • Os juros devem manter a trajetória de queda nos próximos anos, levando a uma convergência entre juros e câmbio. O Bradesco prevê que em 2008 a Selic será de um dígito, devendo chegar a 8% em 2009. Em 2008, o dólar deverá se manter na faixa de R$ 1,80. Nos próximos três anos, o dólar não deverá ultrapassar R$ 2,00.

  • O percentual do crédito no PIB passou de 22% em dezembro de 2002 para 33% hoje e deverá fechar o ano de 2007 em 34%. Já o crédito imobiliário, que apresentou em setembro crescimento de 136% em relação mesmo mês do ano passado, ainda não passa de 1,7% do PIB e possui grande potencial de crescimento. Na Espanha, por exemplo, o crédito é 50% do PIB; na Holanda, 90%.

  • O mercado de trabalho, com a forte alta na geração de empregos, vive a sua melhor situação em 8 anos, o que reflete diretamente na redução da inadimplência, incentivando o aumento do crédito.

Baseado no texto do PHA para o Conversa Afiada.

segunda-feira, outubro 01, 2007

E agora? FHC também não sabia de nada?

Após as declarações bombásticas do senador Eduardo Azeredo para a Folha de São Paulo envolvendo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no esquema do Mensalão Tucano, várias lideranças do PSDB se apressaram em dizer que FHC não sabia de nada. Isso mesmo, FHC NÃO SABIA DE NADA!

Agora a imprensa fica quieta. Silencio total. Ninguém cobra uma posição de FHC. Nenhum colunista indignado cai de pau sobre o ex-presidente. O que aconteceu, agora pode?

Para inspirar os colunistas indignados, segue uma declaração interessante de FHC ao programa Roda Viva, ao comentar o fato de ter sido colocado por membros do PT que Lula não tinha conhecimento do esquema de caixa 2 do PT, apelidado pela grande mídia de Mensalão:
O presidente tem que escolher: ou ele é muito ingênuo para não saber, e portanto não está preparado para ser presidente, ou ele sabia, o que é pior ainda.
Como é de seu feitio, FHC ainda falou mais e indicou como Lula deveria se portar:
O presidente Lula tem a obrigação de dar uma palavra à nação sobre o assunto, caso contrário fica uma coisa nebulosa e dá a sensação que ele está passando a mão na cabeça dos envolvidos.
Só falta agora FHC soltar a famosa frase: Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!


domingo, setembro 23, 2007

Mensalão Tucano sem Maquiagem

(ou Mineiro como quer impor a grande midia)

Nos próximos dias, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza deve apresentar a denuncia do Mensalão Tucano, que ocorreu em 1998 em Minas Gerais e serviu como base para o Mensalão, cuja denuncia, também feita pelo procurador, foi acolhida no mês passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações sobre o esquema mineiro foram iniciadas pela Polícia Federal (PF) por ordem do STF e se basearam em cópias de operações bancárias vazadas em 2005, juntamente com uma lista de beneficiários do esquema, pelo lobista Nilton Monteiro.


A denuncia a ser apresentada pelo procurador se baseará no inquérito da PF e conta com algumas figurinhas carimbadas como, por exemplo, o publicitário Duda Mendonça e o empresário Marcos Valério. O senador Eduardo Azeredo, ex-presidente nacional do PSDB, será apresentado na denúncia como o mentor e principal beneficiário do esquema de arrecadação ilegal de recursos nas eleições de 1998, quando disputou a reeleição ao governo mineiro contra Itamar Franco.


Segundo o relatório da PF, a coligação de Azeredo, que tinha como vice o ex-deputado Clésio Andrade, do ex-PFL, promoveu através do esquema um derrame de dinheiro ilegal na campanha de mais de R$ 100 milhões. Na época, Azeredo declarou apenas R$ 8,5 milhões à Justiça Eleitoral.


Do montante total movimentado pelo esquema, a perícia indicou que a maior parte do dinheiro veio dos cofres públicos de Minas, tanto da administração direta como indireta, sobretudo de cinco estatais: Copasa, Bemge, Cemig e Fundação Duprat. O restante foi doado clandestinamente por grandes empresas prestadoras de serviço do Estado, principalmente empreiteiras.


Segundo a perícia, do montante total movimentado no Tucanoduto, pelo menos R$ 28,5 milhões estavam escorados em empréstimos de fachada feitos por Marcos Valério, o operador do esquema, através dos bancos Rural, Cidade e de Crédito Nacional. Juntas, somente as operações com o Banco Rural somaram R$ 21,06 milhões.


A denúncia do procurador, que deve ficar pronta por volta do dia 30, deve incluir os crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, crimes financeiros e crimes eleitorais.


com informacoes garimpadas da Folha, Estadao, Globo, Terra, UOL, entre outros. A capa da Veja veio do Oni Presente.


quinta-feira, setembro 13, 2007

Parlamentares acusados, por partido

Como leitor, telespectador ou simplesmente como cidadão exposto às manipulações da grande mídia, responda rápido:

Com base nas capas, reportag
ens, editoriais e comentaristas da grande mídia, qual o partido político com mais processos e investigados em suas bancadas na câmara e no senado?

Clique no gráfico
abaixo e confira:

Fonte: Congresso em Foco, com base em dados do STF

terça-feira, setembro 11, 2007

Manipulação da Informação no UOL

A seguir apresento uma escandalosa manipulação da informação divulgada na capa do UOL, as 10:30 hs do dia 11 de setembro de 2007.

O portal, em sua seção Mídia Global, apresenta a “tradução” de um artigo publicado no Financial Times (FT), em 10 de setembro de 2007.

O UOL manipulou a reportagem do FT transformando a abordagem positiva em relação ao Brasil em um texto negativo. O tradutor (ou editor) simplesmente excluiu partes importantes do texto original, deturpando as conclusões resultantes da leitura.

Em nenhum momento o UOL sugere que o texto estivesse editado, passando a idéia que o mesmo foi publicado conforme texto original do Financial Times.

Link para o artigo “traduzido” pelo UOL: aqui

Link para o artigo original publicado no Financial Times: aqui

Na seqüência, apresento o artigo conforme publicado no UOL (em negrito), destacando, em vermelho, as partes excluídas ou adulteradas na “tradução”. Em italico as partes excluidas.

Brasil deverá revelar melhores números de crescimento
Jonathan Wheatley
Em São Paulo


O Brasil poderá ter uma oportunidade esta semana de afastar sua imagem de vagão lento dos "Bric" - as quatro economias em rápido desenvolvimento. Os números do crescimento no segundo trimestre deverão chegar a 5,5%, mais que o dobro da média dos últimos 15 anos.

Enquanto os outros três - Rússia, Índia e China - há muito vêem suas economias crescerem mais depressa que as de seus pares no mundo desenvolvido, o Brasil tradicionalmente é mais lento, apesar da promessa de um "espetáculo de crescimento" feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes de sua eleição em 2002.

Algumas estimativas feitas antes da divulgação dos números, amanhã, vêem o crescimento atingindo até 6,9%, comparado com 3,7% no ano passado.

Mas há uma crescente preocupação sobre um retorno das pressões inflacionárias, e muitos economistas dizem que o governo parece ter abandonado os planos de atacar um índice de gastos que atinge mais que um terço do PIB há vários anos, sugerindo que o ritmo do crescimento poderá desacelerar de novo em médio prazo.

"O crescimento está realmente acelerando", disse Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco, um grande banco do setor privado. "As coisas estão parecendo muito boas para os consumidores e em termos de investimento. Vai ser uma surpresa positiva".


Unibanco expects growth of 6.1 per cent in the second quarter, towards the top of a range of economists surveyed by Bloomberg, a news agency, last week.

“Unibanco espera um crescimento de 6,1% no segundo quadrimestre, o máximo valor em uma escala de economistas, examinados por Bloomberg, uma agência de notícia, na última semana”

A agricultura, os serviços e a indústria vêm crescendo rapidamente este ano. O investimento foi forte, especialmente entre empresas exportadoras que avançaram com investimentos iniciados no ano passado.

Demand from consumers has also been robust, driven by a high rate of job creation and the rapid expansion and falling cost of consumer credit.
“A demanda dos consumidores também foi robusta, dirigida por uma elevada taxa da criação de emprego e pela rápida expansão e queda do custo do crédito para o consumidor.”

More than 1.2m jobs were created this year to the end of July, while the total amount of credit in the economy has doubled since 2003 to more than R$800bn (£207bn, $420bn, €305bn), or about 35 per cent of gross domestic product.
“Mais de 1.2 milhão de empregos foram criados desde o início deste ano até o fim de julho, enquanto a quantidade total de crédito na economia dobrou desde 2003, chegando a mais de R$ 800 bilhões (£207bn (libras), $420bn (dólar) , €305bn (euro)), ou aproximadamente 35% do produto interno bruto”

For some sectors of the economy this has compensated for the so-called “Brazilian disease”, the loss of competitiveness from the strengthening Real.
“Para alguns setores da economia isto tem compensado a chamada “doença brasileira”, dada pela perda de competitividade devido a valorização do Real.”

Mr Salomon said he expected to revise upwards his prediction of 4.5 per cent growth for the year. But he said growth in the next two or three years would fall back to about 4 per cent, partly as a result of slowing global demand for Brazil’s commodity-led exports in the aftermath of the US subprime lending crisis.
“O Sr. Salomon disse que espera revisar para cima sua previsão de 4.5% de crescimento para este ano. Mas disse que o crescimento nos dois ou três anos seguintes cairá para aproximadamente 4%, em parte devido a redução da demanda global para os produtos brasileiros em conseqüência da crise gerada pelos empréstimos subprime dos EUA.”

Mas há preocupações à frente. A inflação dos preços no atacado em agosto foi de quase 1%, muito maior que a esperada e uma advertência da crescente inflação dos preços ao consumidor nos próximos meses. Números do governo mostraram ontem a inflação no varejo em 3,99%.

Em conseqüência, muitos economistas esperam que o Banco Central interrompa dois anos de cortes nas taxas de juros. Na semana passada ele desacelerou o ritmo recente dos cortes, de 0,5 para 0,25 ponto percentual, levando a taxa Selic para 11,25% ao ano, em vez dos 19,75% de setembro de 2005.

Nevertheless, current conditions are expected to produce enough growth to ensure improvement in key macroeconomic indicators, even in a context of rising public spending.
“Não obstante, nas condições atuais espera-se produzir um crescimento suficiente para assegurar uma melhoria nos principais indicadores macroeconômicos, mesmo em um contexto de aumento da despesa pública.”

The government is expected easily to achieve primary budget surpluses (before interest payments) of about 3.7 per cent of GDP, enough to keep the ratio of debt to GDP on a downward trend.
“O governo espera atingir facilmente o superáviti primário programado (antes do pagamento dos juros), de aproximadamente 3,7% do PIB, o suficiente para manter a relação dívida/PIB em tendência decrescente.”

No entanto, O aumento continuado dos gastos do governo também causa preocupação entre economistas.

“There is no sign at all of a reduction of spending,” said Raul Velloso, a specialist in public finances in Brasília.
“”Não há nenhum sinal de redução de gastos,” diz Raul Velloso, especialista em finanças públicas em Brasília”

“On the contrary, the climate is one of increased spending. New items are appearing all the time.”

““Por outro lado, o clima atual é mesmo de aumento de gastos. Novas necessidades estão aparecendo a toda hora.”

No mês passado Brasília anunciou planos de criar 29 mil empregos no setor público no próximo ano e de contratar mais 27 mil pessoas para preencher cargos vagos.

“Government spending is contributing about 0.8 percentage points to annual growth,” said Sérgio Valle, an economist at MB Associados, a São Paulo consultancy.
“”Os gastos do governo contribuem com aproximadamente 0,8% no crescimento anual”, diz Sérgio Valle, economista da MB Associados, empresa de consultoria de São Paulo.”

He expects overall growth this year of about 5 per cent.
“Ele espera para este ano um crescimento de aproximadamente 5%.”

Tradução” (entre aspas mesmo!): Luiz Roberto Mendes Gonçalves

sexta-feira, setembro 07, 2007

Manifesto dos Sem-mídia

por Eduardo Guimarães

Vivemos um tempo em que a informação se tornou tão vital para o homem que passou a integrar o arcabouço de seus direitos fundamentais. Defender a boa qualidade da informação, pois, é defender um dos mais importantes direitos fundamentais do homem. É por isso que estamos aqui hoje.

No transcurso do século XX, novas tecnologias geraram o que se convencionou chamar de mídia, isto é, o conjunto de meios de comunicação em suas variadas manifestações, tais como a secular imprensa escrita, o rádio, o cinema, a televisão e, mais recentemente, a internet. Essa mídia, por suas características intrínsecas e por suas ações extrínsecas, tornou-se componente fundamental da estrutura social, formada que é por meios de comunicação de massa.

Em todas as partes do mundo - mas, sobretudo, em países continentais como o nosso -, quem tem como falar para as massas controla um poder que, vigendo a democracia, equipara-se aos Poderes constituídos da República. E, vez por outra, até os suplanta. Essa realidade pode ser constatada pela simples análise da história de regiões como a América Latina, em que o poder dos meios de comunicação logrou eleger e derrubar governos, aprovar leis ou impedir sua aprovação, bem como moldar costumes e valores das sociedades. Contudo, há fartura de provas de que, freqüentemente, esse descomunal poder não foi usado em benefício da maioria.


Não se nega, de maneira alguma, que as mídias, sobretudo a imprensa escrita, foram bem usadas em momentos-chave da história, como nos estertores da ditadura militar brasileira, quando a pressão (tardia) de parte dessa imprensa ajudou a pôr fim à opressão de nossa sociedade pelo regime dos generais. Todavia, é impossível ignorar que a ditadura foi imposta ao país graças, também, à mesma imprensa que hoje vocifera seus neo pendores democráticos, nascidos depois que sua recusa pretérita de aceitar governos eleitos legitimamente atirou o país naquela ditadura de mais de vinte anos.

O lado perverso da mídia também se deve, por contraditório que possa parecer, à sua natureza privada, uma natureza que também é - ou deveria ser - uma de suas virtudes. Nas mãos do Estado, a mídia seria uma aberração, mas quando é pautada exclusivamente por interesses privados, seu lado obscuro emerge tanto quanto ocorreria na primeira hipótese, pois um poder dessa magnitude acaba sendo usado por diminutos grupos de interesse. Nas duas situações, quem sai perdendo é a coletividade, pois o interesse de poucos acaba se sobrepondo ao de todos.

A submissão da mídia ao poder do dinheiro é um fato, não uma suposição. Os meios de comunicação privados nada mais são do que empresas que visam lucro e, como tais, sujeitam-se a interesses que, em grande parte das vezes, não são os da coletividade, mas os de grandes e poderosos grupos econômicos. Estes, pelo poder que têm de remunerar o “idealismo” que lhes convêm, cada vez mais vão fazendo surgir jornalistas dispostos a produzir o que os patrões requerem, e o que requerem, via de regra, é o mesmo que aqueles grupos econômicos, o que deixa a sociedade desprotegida diante da voracidade daqueles que podem (?) esmagar divergências simplesmente ignorando-as.

É nesse ponto que jornalistas e seus patrões contraem uma união estável com facções políticas e ideológicas que não passam de braços dos interesses da iniciativa privada, dos grandes capitais nacionais e transnacionais, do topo da pirâmide social. E a maioria da sociedade fica órfã, indefesa diante do poder dos de cima de alardearem seus pontos de vista como se falassem em nome de todos.

Agora mesmo, na crise que vive o Senado Federal, vemos os meios de comunicação alardearem uma suposta "indignação nacional" com o presidente daquela Casa. Esses meios dizem que essa indignação é "da opinião pública", apesar de que a maioria dos brasileiros certamente está pouco se lixando para a queda de braço entre o presidente do Congresso e a mídia. Nesse processo, a "indignação" de meia dúzia de barões da mídia é apresentada como se fosse a "da opinião pública".

O poder que a mídia tem - ou pensa que tem - é tão grande, que ela ousa insultar a ampla maioria dos brasileiros, maioria que elegeu o atual governo. A mídia insulta a maioria dizendo que esta tomou a decisão eleitoral que tomou porque é composta por "ignorantes" que se vendem por "bolsas-esmola". Retoma, assim, os fundamentos do voto censitário, que vigeu no alvorecer da República, quando, para votar, o cidadão precisava ter um determinado nível de renda e de instrução. E o pior, é que a teoria midiática para explicar por que a maioria da sociedade não acompanhou a decisão eleitoral dos barões da mídia, esconde a existência de cidadãos como estes que aqui estão, que não pertencem a partidos, não recebem "bolsas-esmola" e que, assim mesmo, não aceitam que a mídia tente paralisar um governo eleito por maioria tão expressiva criando crises depois de crises.

É óbvio que a mídia sempre dirá que suas tendências e pontos de vista coincidem com o melhor interesse do conjunto da sociedade. Dirá isso através da confortável premissa (para os beneficiários preferenciais do status quo vigente) de que as dores que a prevalência dos interesses dos estratos superiores da pirâmide social causa aos estratos inferiores, permitirão a estes, algum dia, ingressarem no jardim das delícias daqueles. É a boa e velha teoria do “bolo” que precisa primeiro crescer para depois ser dividido.


Os meios de comunicação sempre tomaram partido nos embates políticos. Demonizam políticos e partidos que grupos de interesses políticos e econômicos desaprovam e, quando não endeusam, protegem os políticos que aqueles grupos aprovam. Isso está acontecendo hoje em relação ao governo federal e à sua base de apoio parlamentar, por um lado, e em relação à oposição a esse governo e a seus governos estaduais e municipais, por outro. Resumindo: a mídia ataca o governo central em benefício de seus opositores.

Os meios de comunicação se defendem dizendo que atacam o governo central também porque ele nada faz de diferente - ou de melhor - do que fazia a facção política que governava antes, e diz, ainda por cima, que o atual governo produz "mais corrupção". Alguns veículos, mais ousados, acrescentam que os que hoje governam favorecem mais o capital do que seus antecessores. Outros veículos, mais dissimulados, ainda adotam um discurso quase socialista ao criticarem os lucros dos bancos e o cumprimento dos contratos que o governo garante. A mídia chega a fazer crer que apoiaria esse governo se ele fizesse despencar a lucratividade do sistema bancário e se rompesse contratos. Faz isso em contraposição ao que dizia dos políticos que agora estão no poder, porém no tempo em que estavam na oposição, ou seja, dizia que não poderiam chegar ao poder porque, lá chegando, descumpririam contratos e prejudicariam o sistema bancário...

A mídia brasileira garante que é “isenta”, que não é pautada por ideologias ou por interesses privados, e que trata os atuais governantes do país como tratou os anteriores. Não é verdade. Bastaria que nos debruçássemos sobre os jornais da época em que os que hoje se opõem ao governo federal estavam no poder e comparássemos aqueles jornais com os de hoje. Veríamos, então, como é enorme a diferença de tratamento. Nunca a oposição ao governo federal foi tão criticada pela mídia quanto na época em que os que hoje estão no governo, estavam na oposição; nunca o governo foi tão defendido pela mídia quanto era na época em que os que hoje estão na oposição, estavam no governo.

Não é preciso recorrer a registros históricos para comprovar como os pesos e medidas da mídia diferem de acordo com a facção política que ocupa o poder. Basta, por exemplo, comparar a forma como os jornais paulistas cobrem o governo do Estado de São Paulo com a forma como cobrem o governo do país.

A mesma facção política governa São Paulo há mais de uma década. Nesse período, o Estado foi tomado pelo crime organizado. A Saúde pública permanece - ou se consolida - como um verdadeiro caos, apesar das novas tecnologias e da enorme quantidade de recursos que transitam por São Paulo. A Educação pública permanece como uma das piores do país a despeito da pujança econômica paulista. Assim, começaram a eclodir desastres nunca vistos na locomotiva do Brasil que é São Paulo.

Ano passado, uma organização criminosa aterrorizou este Estado. Essa organização nasceu e se fortaleceu dentro dos presídios controlados pelo governo paulista. A Febem, destinada a recuperar jovens criminosos, consolidou-se como escola de crimes, e as prisões para adultos alcançaram o status de faculdades do crime. No início deste ano, uma rua inteira ruiu por causa de uma obra da linha quatro do metrô paulistano, administrado pelo governo paulista. Várias pessoas morreram. Foi apenas mais um entre muitos outros acidentes que ocorreram nas obras do metrô de São Paulo e a mídia não noticia nada disso, o que lhe deixa escandalosamente óbvio o intuito de proteger o grupo político que governa o Estado mais rico da Federação e que se opõe ferozmente ao governo federal.

A mídia exige CPIs para cada suspeita que a oposição levanta sobre o governo federal, mas não diz uma palavra de todos os escândalos envolvendo o governo de São Paulo. Omite-se quanto à violação dos direitos das minorias parlamentares na Assembléia Legislativa paulista, violação perpetrada pelas maiorias governistas, maiorias que nos últimos anos enterraram dezenas de pedidos de investigação do governo paulista, controlado por políticos que estão entre os que mais exigem investigações sobre o governo federal.


Seria possível passar dias escrevendo sobre tudo o que a imprensa paulista deveria cobrar do governo do Estado de São Paulo, mas não cobra. Ler um jornal impresso em São Paulo ou assistir a um telejornal produzido aqui só serve para tomar conhecimento do que faz de ruim - ou do que a mídia diz que faz de ruim - o governo federal. Dificilmente se encontra informações sobre o governo paulista, e críticas, muito menos. O desastre causado pela obra da linha quatro do metrô paulistano, por exemplo, foi coberto pela mídia, mas por pouco tempo - questão de dias. Depois, o assunto desapareceu do noticiário e nunca mais voltou. Dali em diante, a mídia passou a esconder e a impedir qualquer aprofundamento no caso, fazendo com que a sociedade permaneça sem satisfação quase nove meses depois da tragédia. Mas o "caos aéreo" não sai da mídia um só dia já há quase um ano.

Assim é com tudo que diga respeito a políticos e partidos dos quais a imprensa paulista gosta. E o mesmo se reproduz pelo país inteiro. A mídia carioca, a mídia baiana, a mídia gaúcha, as mídias de todas as partes do país fazem o mesmo que a paulista, pois todas são uma só, obedecem aos mesmos interesses, controladas que são por um número ridiculamente pequeno de famílias "tradicionais", por uma oligarquia que domina a comunicação no Brasil desde sempre.

O lado mais perverso desse processo é o de a mídia calar divergências. Cidadãos como estes que assinam este manifesto são tratados pelos grandes meios de comunicação como se não existissem. São os sem-mídia, somos nós que ora manifestamos nosso inconformismo. Muito dificilmente é dado espaço pela mídia para que quem pensa como nós possa criticar o seletivo moralismo midiático ou as facções políticas amigas dos barões da mídia. A quase totalidade dos espaços midiáticos é reservada àqueles que concordam com os grandes meios de comunicação. Jornalistas que ousam discordar, são postos na "geladeira". A mídia impõe uma censura branca ao país. Isso tem que parar.
Claro precisa ficar que os cidadãos que assinam este manifesto não pretendem, de forma alguma, calar a mídia. Os que qualificam qualquer crítica a ela como tentativa de calá-la, agem com má-fé. É o contrário, o que nos move. O que pedimos é que a mídia fale ou escreva muito mais, pois queremos que fale ou escreva tudo o que interessa a todos e não só aquilo que lhe interessa particularmente e àqueles que estão ao seu lado, pois a mídia tem lado, sim, apesar de dizer que não tem, e esse lado não é o de todos e nem, muito menos, o da maioria.

Mais do que um direito, fiscalizar governos, difundir idéias e ideologias, é obrigação da mídia. Assim sendo, os signatários deste manifesto em nada se opõem a que essa mesma mídia critique governo nenhum, facção política nenhuma, ideologia de qualquer espécie. O que nos indigna, o que nos causa engulhos, o que nos afronta a consciência, o que nos usurpa o direito de cidadãos, é a seletividade do moralismo político midiático, é o sufocamento da divergência, é o soterramento ideológico de corações e mentes.

Por tudo isso, os signatários deste manifesto, fartos de uma conduta dos meios de comunicação que viola o próprio Estado de Direito, vieram até a frente desse jornal dizer o que ele e seus congêneres teimam em ignorar. Viemos dizer que existimos, que todos têm direito de ter espaço para seus pontos de vista, pois a mídia privada também se alimenta de recursos públicos, da publicidade oficial, e, assim sendo, tem obrigação de não usar os amplos espaços de que dispõe como se deles proprietária fosse. Seu papel, seu dever é o de reproduzir os diversos matizes políticos e ideológicos, de forma que o conjunto da sociedade possa tomar suas decisões de posse de todos os fatos e matizes opinativos.

Em prol desse objetivo, hoje está sendo fundado o Movimento dos Sem-Mídia. Trata-se de um movimento que não está cansado de nada, pois mal começou a lutar pelo direito humano à informação correta, fiel, honesta e plural. Aqui, hoje, começamos a lutar pelo direito de todos os segmentos da sociedade de terem como expor suas razões, opiniões e anseios e de receberem informações em lugar desse monstrengo híbrido - gerado pela promiscuidade entre a notícia e a opinião - que a mídia afirma ser "jornalismo".

São Paulo, 15 de setembro de 2007

terça-feira, setembro 04, 2007

Para pensar

Recebi esta perola por e-mail, sem autor especificado, mas vale a pena publicar. Fantastico!
Critique o legislativo, o executivo e até o judiciário. Critique o alto salário do político salafrário. Critique o padre e o prefeito, critique quem não cumpre direito com a sua obrigação. Critique o papa, a igreja evangélica, o pastor da televisão, mas a imprensa não critique não. A imprensa está acima de tudo e não tem nenhum defeito. Não é instituição humana. Tudo que faz é perfeito e pode a todos criticar, pois é o guia da nação. Criticar a imprensa é pecado, é crime de opinião. Eu a sigo, reverente, e ela marcha à minha frente como um farol na escuridão. Me diz o que é certo e errado e eu reconheço embasbacado, que ela sempre tem razão. Dizem que sou alienado e que eu não paro pra pensar, e eu digo: pra que pensar se a imprensa pensa por mim e eu sou tão feliz assim?

segunda-feira, setembro 03, 2007

Veja envolvida em Escandalo

do Blog Tudo em Cima



Leiam ainda:

Frustrada tentativa da Abril de "abortar" CPI
A tentativa de elaborar uma lista para "abortar" a CPI da Abril-Telefônica, iniciada na semana passada, foi frustrada. Até esta segunda-feira (10), não foi dada entrada no requerimento que exige...

Por que a Cpi da TVA-Abril-Veja passou a ser necessária
A editora Abril espalhou lobistas pela Câmara na tentativa de virar os votos dos signatários da proposta da CPI. Isso é ilegal - repito, ilegal -, mas, no entanto, foi confirmado pelo assessor de imprensa do Grupo Abril

Racistas controlam a revista Veja
"Com isso, a Naspers ficou com 30% do capital. O dinheiro injetado, segundo ela, serviria para pagar a maior parte das dividas da editora". Isto comprova que o poder deste conglomerado, que cresceu com a segregação racial, é hoje enorme e assustador na mídia brasileira.

Grupo sul-africano Naspers, porta-voz do Apartheid
O grupo sul-africano Naspers, que entrou para o controle da Veja há um ano, foi porta-voz do Apartheid durante toda sua existência. De seus quadros saíram D.F. Malan, que tornou lei a segregação racial e mais dois chefes do Estado pária: H.F. Verwoerd e P. Botha

Grupo sul-africano Naspers, sócio da Editora Abril, prosperou-se com apartheid
Dos quadros da Naspers saíram os três primeiros-ministros do apartheid: o ... A revista Veja, pertencente ao grupo Abril, achou que podia fazer com a rede ...

Abril terá de explicar contrato com grupo do apartheid
A Editora Abril, que detém entre outros veículos a Revista Veja, deve apresentar até o final deste mês, ao juiz Régis Rodrigues Bonviccino, do Fórum Regional de Pinheiros, as cópias do contrato com o Grupo Naspers, um dos pilares de sustentação do regime de segregação racial mantido pelo regime racista da África do Sul.

Quando o Radicalismo é Contraproducente

Por Anderson Farias – Blog Minha Política

Em tempos de acirramento de disputa política aqueles que estão em desvantagem devem agir com inteligência. O Brasil de hoje vive esses tempos e o maior reflexo disso é o comportamento da classe média brasileira que, insuflada pela grande mídia conservadora, esbanja superioridade e preconceito.

Quem faz parte da classe média e não concorda com a atual corrente de pensamento, ditada por vejas e folhas da vida, definitivamente está em minoria. Minoria dentro da classe média claro, pois se considerarmos toda a população brasileira, essa relação não se sustenta, vide as últimas eleições e pesquisas de opinião.

Vale destacar, no entanto, que o apoio da classe média é essencial para manutenção da Oligarquia da Mídia, que, como vimos na última semana, pode influenciar no andamento das casas legislativas e até mesmo em decisões do STF.

De modo geral, a classe média comprou e defende com unhas e dentes a visão deturpada e preconceituosa de sociedade, imposta de forma aparentemente despretensiosa e de modo contínuo pela grande mídia.

A visão de sociedade da grande mídia foi passada a classe média aos poucos, de maneira quase subliminar no início, quando os meios de comunicação juravam isenção e chegaram a disparar campanhas publicitárias neste sentido. Aos poucos, a grande mídia foi aumentando o viés conservador, promovendo colunistas alinhados e reduzindo os espaços daqueles que apresentavam visão contrária, até que se chegou ao ponto onde nos encontramos hoje.

Atualmente, os jornais e revistas da mídia oligárquica não mais se preocupam em esconder sua posição, apesar de nunca terem aberto mão da autoproclamada imparcialidade, e chegam a dedicar edições inteiras, do editorial as seções de entretenimento, a fazer propaganda ideológica e atacar o governo federal, sem que isso salte aos olhos daqueles que se deixaram levar ao longo do processo. As pessoas que engoliram a versão da grande mídia estão anestesiadas e não aceitam argumentos contrários, por mais claros e corretos que estes possam parecer.

O ponto a que a grande mídia chegou na sua cruzada ideológica é tão radical que chega a ser fácil, para os “não-alinhados”, detectar contradições em seus argumentos, que mudam de acordo com o agente e o atingido em cada situação. São estas contradições que nós, contrários a este processo de manipulação, devemos amplificar, pois a única forma de acabar com esse ciclo perverso é através da destruição da credibilidade da grande mídia e de seus principais articulistas.

Estas contradições devem ser levantadas de forma clara, sem maquiagens ou manipulações, de modo a evitar cair na frágil situação que hoje se encontra os grandes meios de comunicação. A Internet nos permite garimpar essas contradições como nunca foi possível antes, basta uma busca direcionada no Google de acontecimentos com impactos equivalentes, onde o agente e o atingido sejam opostos (direita/esquerda, rico/pobre, norte/sul, etc) e avaliar a forma que cada é evento é mostrado e o espaço dedicado a cada um.

A crítica a cobertura dada pela mídia deve ser imparcial, sem tentar impor conclusões ou opiniões formadas as pessoas que recebem a informação, que devem tirar suas próprias conclusões e aos poucos perceberem que nem tudo que lêem representa a realidade. Dessa forma, as pessoas passarão a ler sua revista semanal ou jornal de domingo com mais cuidado, passarão a duvidar de versões mastigadas e com conclusões prontas. Passarão a perceber que a reportagem da sua revista favorita parte da conclusão e não do fato que a deveria ter originado.

Esse trabalho é longo e deve ser colocado por pessoas sem filiação partidária, sem posição política radical, com credibilidade e principalmente sem radicalismos e imposição de pensamento. Destaco que não proponho manipulação da informação, o que proponho é mostrar, com base em reportagens dos próprios meios de comunicação, que existem diferentes pesos e medidas, aplicadas de acordo com as conveniências das empresas e de partidos políticos alinhados.

Um exemplo claro do que estou tentando dizer é a reportagem sobre atrasos nos aeroportos nos EUA, do Azenha, que postei aqui no Blog. Nesta reportagem ele mostra que, ao contrário do que costuma fazer, a mídia nativa optou por não repercutir o que ocorre no exterior, de modo a esconder da população que o problema dos atrasos não é exclusivo do Brasil. Lembro-me, inclusive, que o JN chegou a mostrar estrangeiros em filas, dando a entender que no exterior isso não ocorre.

Imaginem a reação das pessoas ao lerem esse tipo de reportagem: Opa, mas não foi isso que a Globo e a Veja me falaram! Eu pelo menos pensei isso.

Em resumo, o objetivo final disso tudo é exatamente provocar este tipo de reação nas pessoas e, em última instância, convencê-las que nunca devemos acreditar em uma versão pronta dos fatos, onde o artigo ou a reportagem já vem com alvos e conclusões pré-definidos. É esse tipo de reação que enfraquece a mídia oligárquica e que lhe tira a credibilidade e o poder. Essa é a nossa única arma.

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Tentarei levantar, conforme proposta, alguns temas neste blog, para que as pessoas possam utilizar para enviar aos amigos, mas já adianto que meu tempo é curto e às vezes passo dias sem atualizar este espaço. Também aceitarei dicas e análises dos visitantes.

domingo, setembro 02, 2007

Caos Aéreo made in USA

"Aqui estamos durante o atraso no aeroporto de Chicago e aqui estamos atrasados em Denver e aqui nós em nosso atraso de Newark"

Testando hipóteses: algumas reportagens as emissoras de TV simplesmente 'esquecem' de fazer. Ou por incompetência ou porque "não interessa".

Por exemplo: durante o caos aéreo, a crise aérea ou a hecatombe nos aeroportos, nosso editores, que gostam tanto de "repercutir" assuntos no Exterior, não repercutiram.

Testo hipótese: se dissessem que o problema não é exclusivo do Brasil não dava para atacar o governo federal.

Leia mais no site do Azenha

sábado, setembro 01, 2007

DENUNCIE A OLIGARQUIA DA MÍDIA

Me empolguei com a ideia do Eduardo Guimaraes (aqui) e misturei um pouco do texto do Eduardo (o inicio da chamada, antes do titulo) com o meu. Como nao posso participar do manifesto em Sao Paulo, proponho uma campanha paralela, atraves de e-mail mesmo (pelo menos por enquanto). O tema seria o seguinte:

DENUNCIE A OLIGARQUIA DA MÍDIA

Segue o texto para chamada da campanha:

Dia após dia nos sentimos impotentes, vendo um país que atravessa um de seus melhores momentos na história perdendo tempo precioso com politicagem. Um tempo vital para milhões de brasileiros que, heroicamente, tentam sobreviver, apesar de doentes, famintos, habitando buracos fétidos, mergulhados na ignorância, cercados pela violência.

O país está parado devido à picuinha de meia dúzia de veículos de comunicação e de algumas dezenas de parlamentares que, por meio desses veículos, conseguem impedir a tramitação de projetos no Congresso que poderiam melhorar a vida de milhões.

Se juntarmos todas as correntes de e-mail em reuniões pelo país, talvez pudéssemos passar das lamúrias à ação. O que vocês acham?

DENUNCIE A OLIGARQUIA DA MÍDIA

As oligarquias são grupos sociais formados por aqueles que detém o domínio da cultura, da política e da economia de um país e que exercem esse domínio no atendimento de seus próprios interesses, em detrimento das necessidades das massas populares.

Para um observador mais atento, pode-se facilmente perceber que a grande mídia brasileira atualmente forma um grupo afinado. Basta observar como se dá a repercussão de "fatos" divulgados por um dos seus integrantes: Globo (TV, O Globo, Época, etc), Editora Abril (Veja, UOL, Exame, etc), Estadão e Folha de SP.

O procedimento é o seguinte: um dos membros do clube divulga um furo, embasado freqüentemente por uma fonte anônima. Este furo é apresentado sob forma de denúncia.

Os demais integrantes do clube repercutem a denuncia de forma coordenada, baseados sempre em indícios e não em provas. Estes indícios rapidamente são por eles transformados em verdade e são publicados com estardalhaço nas capas dos principais jornais e revistas e apresentado em destaque no Jornal Nacional.

Na seqüência da campanha de divulgação, os "formadores de opinião", como se auto-intitulam os colunistas da grande mídia, encarnam o que eles chamam de opinião pública e clamam, como em nome do povo, por providencias repetindo ad eternum a versão imposta pelas patrões.

Para completar o ciclo, parlamentares sobem as tribunas das suas casas legislativas e, com as revistas ou jornais em punho, exigem CPIs, renuncias, impeachment e até golpes de estado, como chegaram a insinuar alguns.

Mas quando as denuncias se referem aos seus pares, a grande mídia faz vistas grossas e utiliza critérios diferenciados para sua indignação.

Enfim, o que se vê atualmente na grande mídia é uma unanimidade, uma defesa incondicional de versões especificas dos fatos, com interesses específicos, sem nenhum tipo de contraponto.

As opiniões divergentes, essenciais para o desenvolvimento do senso critico e tão necessárias para o correto funcionamento da democracia, já não tem mais espaço nos principais meios de comunicação.

O clube da grande mídia, trabalhando em conjunto, domina a comunicação de massa e impõe suas verdades de acordo com os seus interesses de momento, em beneficio próprio e contra os interesses do povo, ou seja, esse clube forma a mais perigosa das oligarquias, a Oligarquia da Mídia.

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A dialética nos ensina a enxergar sempre os dois polos opostos ou as duas versões, que são a tese e a antítese, para só então formarmos a síntese do que seja para nós a verdade.
Quando nos deixamos convencer por uma versão unilateral de um fato, estamos fechando nossos horizontes de totalidade e sendo manipulados, mesmo que não tenhamos consciência disto.

domingo, agosto 19, 2007

sexta-feira, agosto 10, 2007

Oligarquia da Mídia

por Anderson Farias – Blog Minha Política

As oligarquias são grupos sociais formados por aqueles que detém o domínio da cultura, da política e da economia de um país e que exercem esse domínio no atendimento de seus próprios interesses, em detrimento das necessidades das massas populares.

Para um observador mais atento, pode-se facilmente perceber que a grande mídia brasileira atualmente forma um grupo afinado. Basta observar como se dá a repercussão de “fatos” divulgados por um dos seus integrantes: Globo (TV, O Globo, Época, etc), Editora Abril (Veja, UOL, Exame, etc), Estadão e Folha de SP.

O procedimento é o seguinte: um dos membros do clube divulga um furo, embasado freqüentemente por uma fonte anônima. Este furo de alguma forma compromete o governo e sempre é apresentado sob forma de denúncia.

Os demais integrantes do clube repercutem a denuncia de forma coordenada, baseados sempre em indícios e nunca em provas. Estes indícios rapidamente se tornam verdade e são publicados com estardalhaço nas capas dos principais jornais e revistas e apresentado em destaque no Jornal Nacional.

Na seqüência da campanha de divulgação, os “formadores de opinião”, como se auto-intitulam os colunistas da grande mídia, encarnam a dita opinião pública e clamam, em nome do povo, por providencias do governo, através de artigos de opinião, que repetem ad eternum a versão imposta pelas patrões.

Para completar o ciclo, parlamentares oposição sobem as tribunas das suas casas legislativas e, com as revistas ou jornais em punho, exigem CPIs, renuncias, impeachment e até golpes de estado, como chegaram a insinuar alguns politicos.

Como exemplo mais recente de aplicação deste procedimento pode-se citar a divulgação do acidente da TAM, com o devido atestado de culpa do governo, definido ainda com o avião em chamas.

É publico e notório a forma como se colocou a tragédia que, posteriormente, se mostrou resultante ou de falha humana ou de manutenção, ou ainda de projeto do avião, isentando, em todos os casos a pista de Congonhas e, em ultima instancia o Governo Federal. Mesmo diante dos fatos, a mídia se mantém afinada em evitar que as versões posteriores, e verdadeiras, substituam de forma peremptória a versão original.

Para quem acha exagero as acusações de golpismo da mídia em relação a Lula e acredita que a cobertura da tragédia da TAM foi exceção, basta lembrar da forma que foram divulgados os "escândalos" anteriores, sempre seguindo o procedimento comentado acima. Quem não se lembra do Dossiêgate, Vavágate, Renangate e tantos outros “gates" estampados nas capas da grande mídia.

O objetivo da terminologia é cristalino, mas me dou ao trabalho de explicar. O termo é referência ao “Watergate”, escândalo político ocorrido na década de 1970 nos Estados Unidos da América que, ao vir à tona, acabou por culminar com a queda do presidente Richard Nixon. Não é necessário explicar que quando um jornal ou revista de circulação nacional usa uma terminologia desse tipo, está claramente sugerindo que o fato em questão deveria ter como desfecho a queda do presidente.

Outro exemplo recorrente é o batismo do problema da crise aérea de “apagão aéreo”, buscando obviamente criar um apagão para o governo Lula, dado o fatídico apagão elétrico do governo FHC. A pequena diferença é que sob o apagão verdadeiro, o de FHC, o PIB do Brasil foi negativo e as perdas para o País se conta em bilhões, enquanto o “apagão” de Lula não chega a afetar o PIB e atinge não mais do que 5% da população.

Por outro lado, quando as denuncias se referem aos seus pares, a grande mídia faz vistas grossas e utiliza critérios diferenciados para destilar sua indignação. Sem precisar ir muito longe, cito a denuncia do presidente do Senado, Renan Calheiros (sem entrar no mérito da sua honestidade), contra a Editora Abril, que publica a revista Veja, principal meio no ataque ao político.

Renan acusa a editora, através de carta aberta aos demais senadores, a criar uma cortina de fumaça para ocultar uma negociata de bilhões de reais. Ora, em um país onde a mídia repercute escandalosamente a denuncia de um caseiro subornado e doleiros presos, porque se calar diante da denuncia do presidente do Senado? O JN se limitou a divulgar alguns trechos da carta, omitindo, obviamente a denuncia do senador contra a Veja.

Enfim, o que se vê atualmente na grande mídia é uma unanimidade, uma defesa incondicional de versões especificas dos fatos, com objetivo de atender interesses específicos, sem nenhum tipo de contraponto. As opiniões divergentes, essenciais para o desenvolvimento do senso critico e tão necessárias para o correto funcionamento da democracia, já não tem mais espaço nos principais meios de comunicação.

Jornalistas e colunistas contrários à ideologia dos patrões aos poucos vão perdendo espaço até serem totalmente abolidos, como no caso da revista Veja, que atualmente se porta como panfleto político de direita. Pluralismo zero.

O clube da grande mídia, trabalhando em conjunto, domina a comunicação de massa e impõe suas verdades de acordo com os seus interesses de momento, em beneficio próprio e contra os interesses do povo, ou seja, esse clube forma a mais perigosa das oligarquias, a Oligarquia da Mídia.

terça-feira, julho 31, 2007

A noticia e seu Contexto

por Anderson Farias - Blog Minha Politica


A FGV divulgou hoje um índice que mede a confiança da indústria brasileira e, como vem ocorrendo seguidamente nos últimos anos, esse índice apresentou o melhor resultado da história. Os industriais estão 15,8% mais confiantes em relação aos seus negócios que no ano passado.

Diversos outros índices positivos são divulgados rotineiramente por institutos oficiais e privados, de credibilidade indiscutível, como IBGE, FGV, FIESP, IPEA, CNI, etc, mas não são divulgados pela grande mídia com o destaque merecido, salvo quando indicam tendências negativas.

Como sei que é muito difícil, ou no mínimo trabalhoso, termos acesso a esse tipo de informação através da nossa mídia, autodenominada apolítica e imparcial, me dei ao trabalho de garimpar alguns deles, escondidos em links espalhados pela internet.

Destaco que me limitei a utilizar os links escondidos nos portais pertencentes a grande mídia, como UOL, Estadão, Folha, Globo, entre outros. Também tentei encontrar alguma referencia positiva no site da Veja, mas como não sou mágico, não obtive sucesso... De qualquer modo, seguem alguns dados interessantes:

  • Geração de Empregos: Os dados do CAGED mostram que o Brasil apresentou saldo de 1,1 milhão de empregos formais no primeiro semestre de 2007 (o saldo do semestre se refere à diferença entre a criação de 7,3 milhões de vagas e o fechamento de 6,2 milhões). Este número representa um crescimento de 18,6% em relação ao mesmo período de 2006. O recorde histórico, que deve ser superado esse ano, foi registrado em 2004, quando chegou a 1,526 milhão de novos postos de trabalho (fonte: UOL e Folha de São Paulo).
  • Massa Salarial: apresentou crescimento significativo nos últimos anos e continua com perspectiva de crescimento para 2007, segundo estudo recente do departamento de pesquisa e estudos econômicos da FIESP. Em 2005 e 2006, a massa salarial cresceu em termos reais, respectivamente, 7% (o maior aumento em 9 anos) e 6%, segundo dados do IPEA (fonte: Valor Econômico).
  • Consumo das Famílias: de acordo com o IBGE o consumo das famílias cresceu 3,8% em 2006, a terceira alta anual consecutiva. Para 2007 o índice possui tendência de crescimento superior ao ano passado (fonte: O Globo).
  • Crédito para Pessoa Física: em 2006, o crédito à pessoa física cresceu 23,4%, segundo a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), e deve aumentar outros 22,5% sobre essa expansão este ano (fonte: Folha de São Paulo).
  • Lucro das Empresas do Setor Produtivo: O lucro das grandes empresas mais que quadruplicou no primeiro mandato do governo Lula em relação ao segundo mandato de FHC, superando em muito a rentabilidade dos bancos. A soma do lucro líquido das 227 principais empresas do setor produtivo com ações negociadas em Bolsa cresceu R$ 102,4 bilhões, o que representa um salto de 349,8% em relação ao governo anterior (fonte: Estadão).
  • Utilização da Capacidade Instalada da Industria: A atividade industrial está em alta no país. O nível de utilização da capacidade instalada do setor atingiu 84,9% em julho — o maior para esta época do ano desde 1980. Com ajuste sazonal, o nível de uso da capacidade ficou em 84,5%, acima dos 83,7% em abril. É o que mostrou a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na pesquisa, feita a cada três meses, foram consultadas 935 empresas 22entre os dias 29 de junho e 27 de julho (fonte: O Globo).
  • Vendas do Comércio: No ano, o comércio acumula expansão de 4,6% nas vendas e de 6,2% na receita. Em relação ao mesmo período de 2006, o crescimento atinge 10,5% no volume de vendas e de 11,4% em termos de receita. Na comparação com o mesmo mês de 2006, houve avanço no volume de vendas de todas as atividades. (fonte: Folha de São Paulo)
  • Exportações: As exportações brasileiras mais do que dobraram nos últimos 4 anos, aumentando a participação do Brasil no comércio mundial de 0,8% para 1,3%, um crescimento de mais de 30% (fonte: UOL Economia).

Claro que eu poderia listar outros índices, como o crescimento do salário mínimo, a redução da pobreza, a melhora na distribuição de renda, etc. Mas como meu tempo para pesquisa é limitado e esses temas são muito mais difíceis de encontrar na grande mídia, acredito que os temas listados acima já são suficientes para pensarmos um pouco, uma vez que são os de maior interesse da classe média, a massa de manobra da grande mídia no Brasil.

Em resumo, o consumo das famílias está crescendo de forma continua, os salários estão aumentando acima da inflação ano após ano, a geração de empregos é recorde, os lucros das empresas do setor produtivo estão crescendo como nunca, as exportações idem. A inflação está controlada, os juros estão no menor patamar da história e com tendência de queda e de forma geral, o mercado projeta forte crescimento do PIB para os próximos anos.

Em meio a tudo isso, a grande mídia se faz de boba e foca única e exclusivamente noticias negativas ao atual governo, nem sempre relevantes, como as vaias do PAN, a infeliz declaração da Marta Suplicy, o gesto de Marco Aurélio Garcia, etc. Destaco aqui que não defendo a não divulgação, mas sim condeno a exploração excessiva e exagerada desses assuntos em detrimento a outros mais relevantes.

Aliás, falando em Marco Aurélio, na última semana a Globo se superou e chegou ao cúmulo de colocar uma câmera escondida para gravar a reação privada de um membro do governo a uma reportagem do JN, onde se verificava que o acidente não era culpa do governo, como vinha sendo vendido como verdade absoluta desde momentos após a tragédia.

Imaginem quantas câmeras foram espalhadas por Brasília com o intuito único e exclusivo de constranger o governo. Enfim, como todos viram na seqüência, o fato do acidente ter sido causado por falhas do piloto e da aeronave ficou em segundo plano. A grande mídia preferiu desviar a atenção das reais causas para o gesto do assessor de Lula, mostrando repetidamente as imagens, com o claro intuito de manter na mente das pessoas a primeira versão divulgada sobre o acidente, ou seja, a culpa é do governo.

Todas as notícias negativas, que dominaram os espaços da grande mídia nos últimos meses, ocorreram paralelamente à divulgação dos dados positivos que citei mais acima. No entanto, como eu já disse anteriormente, tive que garimpar no “underground” dos portais o noticiário positivo ao governo, enquanto que, para se ver o negativo basta ligar a TV, o computador ou passar em frente a uma banca.

Como se pode ver, o fato de dificilmente se encontrar noticias positivas na grande mídia, pelo menos em forma destacada, não se deve a não existência das mesmas e sim ao critério seletivo que esta vem adotando nos últimos anos. Para quem acha um exagero faça o seguinte teste, entre no Google News e faça duas buscas: (1) marta suplicy "relaxa e goza" e (2) aumento "consumo das famílias". Por mais incrível que possa parecer, a declaração da ministra mereceu muito mais destaque que a melhora de qualidade de vida da população. Convenhamos que, por mais infeliz que tenha sido a declaração (cuidadosamente retirada do contexto), não mereceria mais que um ou outro comentário.

Cada vez mais, fica clara a lavagem cerebral que a grande mídia submete as pessoas sem senso critico através da manipulação da informação. Cada vez mais fica clara a intenção dessa campanha de difamação em curso.

Nesse contexto, cabe a cada um ler as coisas com cuidado, analisar a repercussão dada pela grande mídia a cada assunto, analisar quais são os interesses por trás de cada novo escândalo fabricado. Passe a tentar relacionar a cobertura e o enfoque dados a certos acontecimentos com temas e efeitos parecidos quando estes envolvem diferentes interesses, pessoas e partidos políticos.

Fica o tema para meditação, será que podemos confiar em uma mídia que seleciona e manipula as informações de acordo com os seus próprios interesses?

segunda-feira, julho 30, 2007

Analise Perfeita de Luis Nassif

O anti-lulismo e a anti-mídia
por Luis Nassif

A entrevista de Roberto Civita ao Jornalistas&Cia comprova a máxima: de onde nada se espera, nada vem. O que se tem, de um lado, é a grande imprensa apostando na radicalização. Perdeu o poder de derrubar presidentes; manteve o poder de influenciar amplas camadas na classe média.

É uma orquestração, que persiste há algumas décadas, e que só agora começa a sofrer algumas trincas dos novos meios de comunicações.

Há os veículos-âncora, que dão o tom e o toque. No momento, é o “Jornal Nacional”, jornal “O Globo” e a “Veja”. Depois, um subconjunto de grandes veículos que repercute: o “Estadão”, que, de qualquer forma, ainda tem uma linha própria; e a “Folha” que há alguns anos abriu mão de ser âncora para ir a reboque da “Veja”. De vez em quando se sente a “Folha” tentando recuperar o espaço perdido. Como o espaço que deixou não foi ocupado por ninguém, um pouquinho de racionalidade e de capacidade de pensar grande poderá trazê-la de volta ao eixo original.

Parte relevante dos colunistas políticos, e até de Variedades, continua prisioneira da “síndrome da indignação”. É uma armadilha que sempre pega gente mais insegura. O sujeito quer se identificar com seu leitor. Para tanto, tem que demonstrar indignação, indignação e indignação. Não lhe ocorre trazer explicações, análises. O que vale são os decibéis, que o igualam ao leitor. Tem audiência. No tempo de FHC, lembro-me de conversas com alguns colegas – que batiam diariamente em FHC – e que diziam que, no dia em que ficavam mais calmos, os leitores reclamavam.

Esse estilo me embrulha o estômago há muito tempo. Não existe nada mais fácil e demagógico do que a indignação reiterada. A indignação é virtuosa quando isolada, quando a pessoa identifica um fato não notado e expressa sua indignação. É a maneira de chamar a atenção para o que não foi visto, é a expressão da surpresa, do espanto ante o inusitado. Quando se entra no “coral dos indignados”, na maratona de quem consegue ficar por mais tempo indignado, perde a nobreza, torna-se demagógica, previsível.

***

Não sei quanto tempo irá levar nessa situação. Concretamente, o que está ocorrendo é uma radicalização cada vez maior entre esse público da grande mídia e um amplo espectro que poderia ser denominado de anti-grande mídia – que, temo eu, seja mais amplo do que o arco lulo-petista, porque engloba pessoas que entenderam que não pode existir poder absoluto em um governo, mas também não pode existir na mídia.

Em uma sociedade de massa, a arrogância é veneno na veia. Sérgio Motta, grande político e brasileiro, tornou-se alvo quando seu estilo foi confundido com arrogância; Fernando Collor foi derrotado muito mais pela arrogância do que pelos abusos; FHC criou uma enorme resistência, muito mais por sua arrogância intelectual do que pelos seus atos; José Dirceu foi defenestrado quando permitiu que se disseminasse a imagem do super-poderoso.

Pois é essa mesma mídia, que nas últimas décadas, providenciou essa caça-ao-arrogante, que se deixou cair na armadilha da arrogância. Cada forçada de barra, cada manchete escandalosa, cada crítica mal-posta cria anti-corpos na hora – é só ler os comentários aqui no Blog.

Por outro lado, cada manifestação desse público midiático provoca uma contra-manifestação em igual ou maior força do público anti-midiático. E ai se complica. Os dois lados estão fervendo, radicalizados. Está-se criando um fosso no país, mesmo tendo na presidência da República um político fundamentalmente contemporizador.

***

O que ocorrerá, se esse clima persistir até as próximas eleições? Primeiro, inviabilizará qualquer candidatura de consenso. Candidatos que poderiam montar um grande arco de alianças de centro-esquerda serão expulsos do jogo. Havendo a radicalização, o candidato lulo-petista será aquele que desfraldar a bandeira anti-mídia: Ciro Gomes ou Roberto Requião. E o resultado será o confronto, que poderá ocorrer antes, durante ou após as eleições.

São tão óbvios esses desdobramentos que às vezes fico pensando em que país vive Roberto Civita.

CANSEI

quarta-feira, junho 20, 2007

Prêmio Melhor Revista Semanal

Melhor revista semanal de informação

Carta Capital: 75,01 % dos votos
Veja: 18,69 % dos votos
Época: 3,79 % dos votos
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