quarta-feira, dezembro 21, 2005

Lembrai-vos de 1954 - Elio Gaspari

O tucanato teve mais um surto de demofobia. Seu líder no Senado, Arthur Virgílio, sugeriu que o aumento do salário mínimo para R$ 350 está entre “meia dúzia de atos demagógicos” destinados a ajudar Lula a transpor o primeiro turno da eleição do ano que vem.

Aumentar o salário mínimo em cerca de 20% não é demagogia. Demagogia é votar um aumento para R$ 384, como fez em agosto um pedaço da bancada liderada por Virgílio. É demagogia no sentido mais puro da palavra, porque os trinta senadores que votaram a medida sabiam que ela seria derrubada na Câmara ou vetada por Lula.

Beneficiada pelo irracionalismo da retórica do “Nosso Guia”, a oposição quer encurralar o país. Procede como se precisasse de juros altos e estagnação econômica.

Se Lula segura os gastos, o tucanato acusa o governo de frear o crescimento. Se a ministra Dilma Rousseff diz que a idéia de um vago ajuste fiscal de longo prazo é “rudimentar”, o campo banqueiro do PSDB a ataca como se ela planejasse o fim do mundo. Se Lula derruba o salário mínimo de R$ 384, a oposição o acusa de não cumprir o prometido (“Nosso Guia” prometeu dobrá-lo). Se o companheiro vai na direção dos R$ 350, é um irresponsável que torrará R$ 4,6 bilhões.

Admitindo-se que alivie o confisco do Imposto de Renda sobre os salários do andar de baixo elevando em 10% o teto da isenção dos trabalhadores, gastam-se mais R$ 1,3 bilhão. Juntando-se as duas despesas, chega-se a cerca de R$ 6 bilhões. É muito dinheiro, mas nunca é demais lembrar que os encargos da dívida interna e externa custam ao país cerca de R$ 120 bilhões anuais.

Ao contrário do que acontece com o rentismo dos juros, cada centavo gasto com o salário mínimo retorna ao mercado da produção nacional. Esse dinheiro compra comida e vestuário. O que sobra serve para a construção de um puxado ou de uma laje. Estima-se que um aumento de 10% no salário mínimo reduz a pobreza nacional em 4%. Quando a Viúva esvazia a bolsa pagando os juros dos doutores Henrique Meirelles e Afonso Bevilacqua, esse fato é apresentado como uma fatalidade histórica. Quando se fala em melhorar a vida do trabalhador, é demagogia.

O PSDB tem dois candidatos a presidente da República (José Serra e Geraldo Alckmin) que ainda não conseguiram cumprir a promessa de campanha de integrar os bilhetes de ônibus, trens e metrô de São Paulo. Tudo indica que, se o fizerem, cobrarão uma tarifa burra mais elevada que o carnê dos trabalhadores de Nova York. No Rio de Janeiro, onde está o terceiro candidato oposicionista, a situação dos transportes públicos é ainda pior.

A oposição que acusa Lula de demagogia teme que iniciativas sociais e a melhoria da renda do andar de baixo permitam a reeleição do companheiro. Vai embutida nesse raciocínio a idéia de que a patuléia é composta por uma massa incapaz de discernir o alcance de seu voto. Se ele for reeleito, reeleito estará.

As teorias conspirativas do PT são pouco mais que fantasias. Mesmo assim, é verdade que a política brasileira convive com uma militância demófoba. Quando lhe convém, ela investe contra as conseqüências da elevação do salário mínimo, erguendo a bandeira da moralidade, contra “o clima de negociatas, desfalques e malversação de verbas que vem, nos últimos tempos, envolvendo o país”. Essas palavras, que poderiam ter saído de um discurso de “Nosso Guia” na sua encarnação oposicionista, foram tiradas de um documento bem mais antigo: o “Manifesto dos Coronéis”, de fevereiro de 1954. Seis meses depois, Getúlio Vargas se matou.

O papel de Ciro - Tereza Cruvinel

O papel de Ciro

O presidente Lula voltou a dizer ontem que ainda não decidiu se concorrerá à reeleição e que um de seus ministros pode ser o candidato do governo. O ministro Jaques Wagner viu em tudo o que Lula disse na reunião ministerial de anteontem um sinal de que ele está pronto para a disputa. O que ele não explicou, limitando-se a um sorriso maroto, foi a razão de o ministro Ciro Gomes tê-lo acompanhado na entrevista em que relataram a reunião.

“O candidato sairá desta sala”, havia dito Lula durante o encontro com o ministros, quando falou da hipótese de não concorrer. Wagner, entretanto, não parece contar com ela. Para ele, todas as recomendações do presidente — para que os ministros evitem divergências em público e se apropriem dos dados positivos do governo para divulgá-los em todas as situações possíveis, por exemplo — sugerem que ele está pronto para a disputa. Acredita o ministro, inclusive, que em fevereiro Lula fará o anúncio oficial, antecipando a substituição dos ministros que teriam de sair em abril para disputar cargos eletivos. A lista é cada vez menor. Mares Guia, do Turismo, após apresentar ontem um balanço do setor, que sob seu comando alcançou em três anos a duplicação das divisas anuais obtidas com o ingresso de turistas estrangeiros, número que também cresceu em 48% no período, confirmou que ficará com Lula até o final do atual mandato. Patrus Ananias também ficará, apesar das pressões do PT mineiro para que seja candidato.

Na viagem de ontem a Macapá, Lula continuou falando em eleição, repetindo que 2006 será o ano de colher o que foi plantado. Se não for ele o candidato, repetiu, pode ser um de seus ministros.

Aqui é que entra Ciro Gomes. Na entrevista com Jaques Wagner, anteontem, ele foi mais agressivo que qualquer petista, afirmando que o governo Lula ganha, em saldo de realizações e na comparação dos números, de qualquer um dos governos recentes, inclusive do de oito anos de Fernando Henrique. Ciro tem batido nos adversários e enfrentado o combate político com a energia que Lula gostaria de ver o PT utilizando. É o reserva de Lula para uma eventual candidatura a presidente ou a vaga de vice, que vai ficando cada vez mais distante de José Alencar. Goste ou não o PT, se Lula desistir da reeleição ao avaliar suas chances, em fevereiro ou mais adiante (oficialmente tem até junho para decidir), seu candidato é Ciro, hoje no PSB. Mas mesmo sendo um aliado histórico de Lula, o partido vem ameaçando apoiá-lo apenas informalmente, não fechando a coligação oficial, caso seja mantida a verticalização, regra que exige a reprodução estadual das alianças partidárias para a disputa presidencial. Ficar amarrado ao PT em todos os estados é péssimo negócio para um partido que terá de cumprir a cláusula de barreira em 2006. Também por isso, e pelos planos que tem para Ciro, Lula pode hoje pressionar a executiva do PT a rever sua posição pró-verticalização.

Ciro também não deixará o Ministério. Mas, para ser candidato a vice, ou mesmo na hipótese mais remota, a presidente, terá que sair em abril.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

É brincadeira...

Está circulando na Internet a seguinte nota da Agência CartaMaior:

Bengalada em Dirceu pode ser farsa

O "irado velhinho", agressor de Dirceu, é na verdade um ator pago para dar
bangaladas no ex-ministro. Yves Hublet atuou nos filmes "O Paraíso das Solteironas" (com Mazzaropi) e em "Independência ou Morte" (com Tarcísio
Meira), este um épico produzido durante o regime militar em 1972. O "bom e
simpático velhinho", que simbolizaria a "ira santa nacional contra Dirceu, o Dragão da Maldade", trabalha como papai Noel no Shopping Muller (Curitiba), de propriedade de sócios laranjas de Jaime Lerner. Foi contratado pela assessoria do Senador Álvaro Dias (PSDB), com escritório ao lado do Shopping de Lerner para
agredir Dirceu. A imprensa foi avisada para fotografar a "bengalada heróica" através da responsável pela Folha de São Paulo em Curitiba. E a viagem de
Yves a Brasília foi debitada à conta de Paulo Abbas, assessor de Álvaro, na
Sydnei Agencia de Turismo, também em Curitiba. Dirceu agora tem agressor, mandantes e contratantes e motivação para processar seus agressores.

FONTE:
http://carosamigos.terra.com.br

sábado, dezembro 17, 2005

Geração de empregos é a maior em 20 anos

O número de empregos formais (com carteira assinada) no país aumentou 1,86 milhão em 2004. De acordo com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o total de empregos gerados no ano passado é recorde na série histórica da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), iniciada em 1985.

Rais é uma declaração anual obrigatória que todos os estabelecimentos existentes no país devem informar ao Ministério do Trabalho. É uma espécie de censo anual do mercado formal de trabalho.

Na comparação com 2003, o total de empregos teve um crescimento de 6,3%. Trata-se da segunda maior taxa de crescimento registrada pela série, só perdendo para 1986, quando atingiu 8,16%. Em 2003, o número de empregos formais criados foi de 861 mil. Nos dois primeiros anos do governo Lula, foi de 2,724 milhões.

Em 2004, a massa salarial cresceu 7,6%, em decorrência do aumento do emprego. Com o aumento de 2004, o número de empregos formais informados pelos empregadores na pesquisa alcançou 31,408 milhões.

Os Estados que mais se destacaram na geração de empregos formais, em 2004, foram São Paulo (mais 525 mil postos) e Minas Gerais (mais 194,7 mil). O único Estado onde o emprego formal caiu foi Roraima, que teve uma perda de 4,4 mil postos.

O Ministério informou, no entanto, que o desempenho de Roraima foi prejudicado pela ausência das informações do setor da administração pública.

Importância dos números

Os dados da Rais referem-se a empregos formais para trabalhadores celetistas e estatutários. É, portanto, um dado mais completo do que o do Caged (Cadastro Geral de Empregos), também levantado pelo Ministério. Luiz Marinho comemorou o resultado.

"Nos últimos meses, enfrentamos um debate esquizofrênico da oposição, nos acusando de manipular os dados do emprego a partir do Caged. A pesquisa Rais veio confirmar os números e mostrar que a geração de emprego foi ainda maior", disse ele.

Agência Estado

terça-feira, dezembro 13, 2005

Conspiração

Está ocorrendo algum tipo de conspiração relacionada a Opus Dei, é isso???

Nossa preocupação é com a Opus Dei instituição, partido, operação político-midiática que, sob diferentes disfarces, infiltra-se nas entidades jornalísticas mais representativas do jornalismo latino-americano para afastá-las do seu antigo compromisso liberal.
Observatório da Imprensa

A CIA, o OPUS DEI e a direita apelaram à abstenção, o que levou a par das fortes chuvadas a população a não comparecer em grande número  nas urnas, até por falta de concorrentes. Agora a direita diz que as eleições não são representivas.
Jornal Expresso, sobre as eleições na Venezuela

...é o visível crescimento (na realidade,
virtual hegemonia) da Opus Dei na grande imprensa brasileira, tanto no
âmbito nacional como regional. A Folha de S.Paulo parecia
resistir bravamente à dominação, mas capitulou no período que se seguiu
à morte do Sumo Pontífice: a Opus Dei começou a ganhar grandes espaços
no jornal como aqui já foi registrado...
Alberto Dines

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Manipulação da Informação


Com a internet temos a nossa disposição infinitas fontes de informação, o que nos permite avaliar a qualidade dos dados que nos são passados. Muitas publicações distorcem dados, não sei se por falta de uma pesquisa adequada ou de caso pensado mesmo. Esse tipo de distorção é muito comum e as vezes pode passar desapercebida a leitores desatentos. Hoje, por exemplo, entrei no site da revista Veja e me deparei com a seguinte chamada (figura ao lado): "Lula também quer reajuste de 16,7% no mínimo para superar FHC."

O que se concluí? Bom, se o Lula quer aumentar em 16,7% o mínimo para superar FHC significa que FHC deu um aumento real no mínimo maior do que o Lula, correto? Nesse caso, Lula esta lutando para conseguir o aumento no mínimo para poder dizer na sua campanha que superou FHC, não é isso? Tudo muito populista, com claros fins eleitoreiros...

Bom, vamos analisar os dados... para isso basta buscá-los na internet, como por exemplo no site do IPEA, que traz o histórico de diversos índices. Basta buscar pela série histórica do salário mínimo real, que apresenta os valores em uma mesma base, permitindo uma comparação direta entre valores passados e presentes.

Os resultados são os seguintes:

Aumento real do Salário Mínimo:

- Governo FHC 1 (1994 - 1997): - 0,8%
- Governo FHC completo (1994 - 2001): 16,2%
- Governo Lula (2002 - out/2005): 19,8% (considerando o salário mínimo atual: R$ 300,00)
- Governo Lula (considerando o aumento comentado na reportagem para "superar" FHC - de R$ 300 para R$ 350): 39,7%

Esse tipo de manipulação acontece direto, em diversos jornais e revistas, uma leitura critica das notícias é muito importante... esse exemplo é pequeno, vi sem querer, nem estava procurando, mas é muito mais comum do que muitos pensam. Todos os dias nos apresentam dados colocados fora de contexto, com informações que nos induzem a conclusões erradas... isso quando a conclusão já não vem pronta.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Atualidades: FGV: "Queda espetacular no índice de pobreza"

A taxa de miséria no país atingiu, em 2004, seu nível mais baixo desde 1992, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio) apresentada na última sexta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O índice caiu 8% de 2003 para 2004, redução fortemente influenciada pela queda na distância entre os ricos e pobres no Brasil, registrada em três anos consecutivos. Somente em 2004, a desigualdade caiu duas vezes mais do que no ano anterior.

A Pnad demonstra, a partir de avaliação do Centro de Políticas Sociais do IBGE, que a renda domiciliar per capita de todas as fontes (trabalho, aluguéis, programas sociais e outros componentes que integram o rendimento de uma família) teve aumento real.

"Houve uma queda espetacular no índice de pobreza em 2004, movida pelo aumento da ocupação, redução da desigualdade de renda do trabalho e pelo aumento de transferências focalizadas do estado", afirma o economista Marcelo Néri, coordenador do Centro de Políticas Sociais.

Néri também atribuiu a queda da pobreza ao crescimento econômico do país e listou fatores como estabilidade da inflação, reajuste do salário mínimo, recuperação do mercado de trabalho, aumento da geração de empregos formais e ainda o aumento da presença do Estado na economia.

Ele disse ainda que o aumento da taxa de escolarização da população tem sido fundamental para a redução da desigualdade entre ricos e pobres.

"Há uma nova geração de programas sociais que está fazendo a sociedade brasileira enxergar que é preciso dar mais a quem tem menos e entre os exemplos estão o programa Bolsa Família e o programa de aposentadoria rural. A cobertura destes dois programas alcança os bolsões de pobreza das zonas mais distantes dos grandes centros, reduzindo bastante a miséria no país".

De acordo com o estudo da Fundação Getúlio Vargas, em 2004, 25,08% da população brasileira vivia abaixo da linha de pobreza, ou seja, ganhava menos de R$ 115 por mês. Em 2003, eram 27,26% dos brasileiros.

Néri explicou que, na avaliação da FGV, o Brasil segue um ritmo compatível com o das Metas do Milênio, que busca reduzir a pobreza à metade em 25 anos (de 1990 a 2015).

Após o lançamento da pesquisa, adianta Néri, o Centro de Políticas Sociais da FGV estará disponibilizando um banco de dados em sua página na internet, no endereço www.fgv.br/ibre/cps.