sexta-feira, fevereiro 24, 2006

PIB do Brasil cresceu 2,3% no ano passado, diz IBGE

A economia brasileira fechou o ano de 2005 com crescimento de 2,3% em relação a 2004, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,9%, o maior índice dos últimos nove anos.

De acordo com o IBGE, no ano passado o consumo das famílias aumentou 3,1% registrando dois anos consecutivos de crescimento, favorecido pela elevação de 5,3% da massa salarial dos trabalhadores. Outro fator que contribuiu para esse aumento foi a elevação em 36,7% do saldo de operações de crédito do sistema financeiro, com recursos livres para as pessoas físicas (crédito com consignação em folha).

O crescimento médio anual do PIB nos três primeiros anos do governo Lula foi de 2,6%. A média do governo atual ultrapassa a média anual de 2,1% no segundo mandato (1999-2002) do governo FHC. Os dados do IBGE mostram ainda que, nos oito anos do governo tucano, de 1995 a 2002, a média anual de crescimento do PIB foi de 2,3%. Nos últimos 10 anos (1996-2005), a média anual de expansão do PIB brasileiro foi de 2,2%, igual a registrada nos últimos cinco anos (2,2%).

Vale salientar que o desenvolvimento brasileiro é atrasado principalmente por dois pontos fundamentais: a carga tributária, que passou de 27,9% para 35,5% do PIB de 1994 a 2002, e a dívida pública, que aumentou de 30% para 55,5% do PIB no mesmo período.

Artigo: A farsa do niilismo vulgar

por Marco Aurélio Weissheimer

Para editor da Folha de São Paulo, Bono Vox é um chato e equivocado que acredita em duendes progressistas e que algo de novo pode brotar no Terceiro Mundo. É uma posição que mistura arrogância e ignorância, glorificando o umbigo como instância máxima da vida.

Desemprego diminui e renda cresce, aponta IBGE

O índice de desemprego em janeiro deste ano caiu 1 ponto percentual em relação ao mesmo mês de 2005, ficando em 9,2%; enquanto o valor médio dos salários, na mesma comparação, subiu 2,3% e agora é de R$ 985,90. Já a população ocupada chegou a 20 milhões de trabalhadores – aumento de 2,6% sobre janeiro de 2005.

Os resultados fazem parte da Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).


Com informações do Portal Invertia e da Agência Estado.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Mais acusações sobre o envolvimento do PSDB com o Crime Organizado

Primeiro um Juiz Federal, agora um Procurador do Ministério Público de São Paulo, acho que essas testemunhas tem um pouquinho mais de credibilidade que Rocha Matos e Toninho da Barcelona... ou é impressão minha?

Procurador Pedro Taques vai depor sobre Caixa 2 dos tucanos após o Carnaval
Da Agência Senado

A CPI dos Bingos decidiu adiar para depois do Carnaval o depoimento do procurador do Ministério Público em São Paulo José Pedro Taques. A exemplo do juiz federal Julier Sebastião da Silva, que depôs na semana passada, Taques investiga suposto repasse de recursos ilícitos para campanha de candidatos do PSDB em 2002. Parte do dinheiro, segundo o magistrado, seria oriunda das empresas de propriedade do contraventor João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, que está preso no Uruguai, como acusado de homicídio e lavagem de dinheiro.

O depoimento de Pedro Taques estava marcado para a última quinta-feira, depois da oitiva do juiz, mas terminou sendo adiado.

Taques, que em 2002 trabalhava no Ministério Público em Cuiabá, diz ter provas de que as campanhas eleitorais de alguns políticos do PSDB eram municiadas com dinheiro vindo do crime organizado, comandado por Arcanjo.

Secessão Presidencial: um olhar social

Na pesquisa eleitoral do instituto Datafolha, publicada nesta quarta-feira, tanto José Serra quanto Geraldo Alckmin continuam na frente de Lula na faixa dos eleitores mais ricos. Este elemento, que o jornal Folha de São Paulo não mostrou, mas os gráficos ao lado mostram, indicam que o fator social deve ter forte influência na eleição presidencial deste ano.

Gráficos que falam

Na faixa mais pobre mostrada pelo Datafolha (eleitores com menos de 5 salários mínimos de renda), Lula venceu Serra em sete das nove últimas pesquisas do instituto. Em contraste, na faixa mais rica (mais de 10 mínimos), o quadro se inverte: Serra vence em sete das nove, sempre no primeiro turno.

Na pesquisa de ontem (veja o terceiro gráfico do lado direito), é notável nesta faixa mais abastada a perda de eleitores de Serra (ele cai 14 pontos) e a recuperação de Lula (que sobe 15 pontos). Ainda assim, o prefeito tucano mantém a dianteira, no limite da margem de erro da sondagem, de 2 pontos para mais ou para menos.

Chuchu com caviar

O fenômeno é ainda mais notável no cenário onde o candidato presidencial tucano é o governador Geraldo Alckmin. Notável porque, ao contrário de Serra, em toda a série de nove sondagens nunca superou ou mesmo se aproximou de Lula.

No entanto, a partir de outubro do ano passado, mesmo Alckmin vai marcando uma consistente e crescente dianteira sobre Lula na faixa mais rica. Na pesquisa de ontem ele também recua nessa parcela, mas menos que Serra: 9 pontos contra 14, mantendo uma dianteira sobre Lula levemente mais folgada que a do seu rival tucano: 6 pontos em vez de 4.

Pesquisa eleitoral não mostra classe social

As pesquisas disponíveis, lamentavelmente, não segmentam a preferência eleitoral conforme a classe social do eleitor. Todas seguem os critérios quantitativos da sociologia americana, que borra as fronteiras de classe.

Mesmo dentro dessa lógica quantitativa, a maioria dos institutos não desdobra as faixas acima dos 10 salários mínimos, alegando que elas são eleitoralmente pouco expressivas. Há nisso apenas uma parcela da verdade. Porque um ferramenteiro da Ford ou da Volkswagen, mesmo sendo um legítimo operário do chão da fábrica, ganha mais de 10 mínimos e portanto aparece na faixa do eleitorado mais rico.

A exceção é o instituto Ipsos, que trabalha para a CNT, e costuma registrar uma faixa superior, com renda acima de 20 mínimos. Porém como esse segmento é pouco numeroso, os entrevistados são poucos e o resultado fica sujeito a fortes distorções.

Por uma pesquisa sobre o voto muito rico

Algum dia, quem sabe ainda nesta campanha eleitoral, alguém há de fazer uma pesquisa consistente, com critérios qualitativos, sobre a intenção dos votos dos verdadeiramente muito ricos deste país. Não porque os seus votos tenham tanto peso na urna, pois de fato não têm. Mas porque eles votam, sobretudo, com o bolso, financiando candidatos e partidos, ou influindo sobre a mídia com o irrecusável argumento das contas publicitárias.

Esse texto é um resumo, leia na íntegra aqui.

Clique aqui para ver os relatórios do Datafolha.

Escola de samba homenageia tucanos em SP a "pedido" do governador

Os dois pré-candidatos do PSDB à Presidência da República - o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador paulista, Geraldo Alckmin - serão tema do desfile da escola de samba Leandro de Itaquera, agremiação da zona leste da capital. Os dois tucanos serão representados por dois bonecos gigantes no segundo dia de desfiles no Anhembi.

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o carnavalesco da Leandro de Itaquera, Anderson Paulino, afirma que a escolha do enredo (que falará das festas populares por meio das águas de um "novo" Tietê) foi um "pedido" do governador Alckmin. Ele também declarou que a prefeitura de são Paulo prometeu um terreno para a agremiação.

O presidente da escola, Leandro Alves Martins, é filiado ao PSDB, mas nega a conotação política do desfile deste ano: "É a história concreta, não é nada abstrato. O presidente é partidário, mas a escola é apartidária", garante, para afirmar em seguida que apoiará, como cidadão, qualquer um dos pré-candidatos que o PSDB escolher.

com informações do Terra

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Pesquisa Datafolha: Lula consolida liderança

Nova pesquisa do Datafolha, divulgada nesta quarta-feira, pela Folha de S. Paulo, confirma a retomada do favoritismo de Lula para a eleição de outubro.

Se o pleito fosse hoje, segundo a pesquisa, Lula venceria os dois prováveis candidato do PSDB, José Serra ou Geraldo Alckmin. Segundo o Datafolha, Lula aparece no primeiro turno com 39%, contra 31% de Serra e 8% de Garotinho. Em outro cenário, Lula tem 43%, Alckmin 17% e Garotinho 11%.

Na simulação do 2º turno. Lula vence Alckmin por 53% a 35% e Serra por 48% a 43%.

Outro dado interessante foi a recuperação de Lula perante os eleitores de maior poder aquisitivo (ou os mais “informados”, segundo os tucanos). Nessa faixa da população, Lula quase dobrou sua votação, passando de 16%, registrado na última pesquisa, há 3 semanas, para 31%. A diferença entre Serra e Lula nessa faixa de renda caiu de 33% para apenas 4%, ainda favorável ao tucano, mas dentro da margem de erro da pesquisa, o que caracteriza um empate técnico.

O fortalecimento de Lula se mostra consistente, entre outras razões, pelo crescimento obtido no que diz respeito ao voto espontâneo. A taxa dos que dizem, antes da apresentação de cartões circulares com os nomes dos possíveis candidatos, que pretendem votar em Lula para presidente em 2006, aumentou de 23% no começo do mês para 30% hoje. As taxas de intenção de voto espontânea nos demais prováveis candidatos apresentaram variações dentro da margem de erro ou se mantiveram idênticas. José Serra oscilou de 9% para 11%, Geraldo Alckmin se manteve com 4% e Anthony Garotinho permaneceu com 2%.

O Datafolha entrevistou 2651 brasileiros de todas as unidades da Federação, a partir dos 16 anos de idade. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

PT processa FHC

O PT impetrou nessa terça-feira, na Vara Criminal do Foro Regional da Lapa, em São Paulo, uma queixa-crime contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por crime de difamação contra o partido.

O motivo da ação foi a declaração feita pelo ex-presidente, no dia 8 de fevereiro, em entrevista à revista "Isto É", onde afirmou que "a ética do PT é roubar". Desde então, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, havia informado que o partido tomaria as medidas judiciais cabíveis.

Segundo a ação movida pelo PT, o ex-presidente "extrapolou os limites do direito de opinião e de manifestação do pensamento para atingir ilicitamente a honra do Partido dos Trabalhadores, ofendendo sua reputação perante todos os brasileiros e em especial os seus filiados". O partido entende que essas declarações são ofensivas à sua credibilidade e respeitabilidade.

No texto da ação, o partido lamenta o fato de ser obrigado a propor medida penal contra um ex-presidente da República, mas afirma não poder "furtar-se a ela em razão da gravidade das ofensas propaladas" por FHC. "Ofensas, aliás, incompatíveis com o próprio status de ex-titular da mais alta função republicana, a quem competiria manter a serenidade e a distância de manifestações políticas que transbordem os limites da legalidade e caracterizem crimes contra a honra".

Segundo informa o advogado João Piza, representante legal do PT neste processo, o partido entrará com outra ação, ainda sem data definida, responsabilizando civilmente o ex-presidente por danos morais pelas ofensas proferidas.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Programa “Luz para Todos” já atende 2,3 milhões de famílias

Região Nordeste, segunda em proporção de domicílios sem iluminação elétrica, abriga quase metade dos 2,3 milhões de beneficiados pelo programa.


Os nove Estados nordestinos abrigam quase metade dos beneficiados pelo Luz para Todos até a primeira quinzena de janeiro de 2006. Em pouco mais de dois anos de vigência, o programa do governo federal que busca universalizar o acesso à energia até 2008 levou eletricidade aos lares de 1,14 milhão de pessoas na região, quase 50% do total de atendidos em todo o país (2,29 milhões). Em 2004, o Nordeste tinha a segunda maior taxa de domicílios sem iluminação elétrica do Brasil (7,2%), à frente apenas do Norte (10,5%), segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgada em 2005.

Depois dos nordestinos, a região mais beneficiada pelo programa foi o Centro-Oeste, onde ficam as residências de 20% (463 mil) das pessoas que receberam energia elétrica. Em terceiro lugar ficou o Norte, com 13% dos atendidos (290 mil). O Sul e Sudeste, mais urbanizados e com índices de eletrificação maiores, ficaram com as menores fatias: 9% (205 mil) e 8% (191 mil), respectivamente.

Em pouco mais de dois anos, o governo federal já aplicou R$ 1,1 bilhão no Luz para Todos e já tem contratados outros R$ 2,4 bilhões, segundo o Ministério de Minas e Energia. As obras do programa em andamento, que atenderão 610 mil pessoas em todo o país, manterão a tendência atual do programa: 44% (270 mil) dos futuros beneficiados estão no Nordeste, 25% (151 mil) no Centro-Oeste e 20% (119 mil) no Norte. Sul e Sudeste ficarão com 6% (35 mil) cada.

Entre os beneficiados pelo programa em todas as regiões do país estão os moradores de 970 assentamentos rurais. Mais de 10% do total de atendidos pelo Luz para Todos, cerca de 250 mil pessoas, são integrantes de famílias assentadas pela reforma agrária. Até o fim de 2006, todos os loteamentos criados pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) nas regiões Sul e Sudeste e nos Estados de Alagoas, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe devem receber a energia elétrica ainda este ano, segundo o Ministério.

Com informações do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)

Dimasduto 7: Autorizada quebra de sigilo de ex-diretor de Furnas

A Polícia Federal obteve, com autorização da Justiça Federal do Rio, a quebra dos sigilos fiscal e telefônico do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. Na análise dos dados, os investigadores buscam verificar se existem vínculos entre o executivo e empresas que mantêm contratos com a estatal.

Ainda em fase inicial nesta linha de investigação, a PF pretende esperar a CGU (Controladoria Geral da União) concluir auditoria nos contratos. Como resultado desse trabalho, é possível que surjam indícios de irregularidades.

Nas informações fiscais e telefônicas de Toledo, a PF também procura eventuais vínculos entre ele e um conjunto de empresas apontadas como participantes de um esquema de arrecadação de um caixa dois de R$ 40 milhões na estatal destinado a 156 políticos.

O suposto esquema está descrito em uma lista, de autenticidade não comprovada, que o lobista Nilton Monteiro entregou à PF. Monteiro diz que o autor da lista é Toledo. Ele nega.

Conforme a lista, o dinheiro teria sido conseguido "por intermédio de Furnas, entre colaboradores, fornecedores, prestadores de serviços, construtoras, bancos, fundos de pensão, corretoras de valores e seguradoras".

Em um de seus depoimentos, Monteiro, ao descrever o suposto esquema, afirma que Toledo teria exigido que a empreiteira JP contratasse uma empresa de consultoria, por R$ 700 mil, para poder firmar contratos com Furnas. Diante da acusação, a PF realizou busca e apreensão de documentos na JP. O material colhido já está em análise.

A lista entregue à PF é uma cópia colorida do documento original, com firma de Toledo reconhecida e autenticação de ofício público em suas cinco páginas.

Por diversas vezes, o lobista prometeu entregar o documento original aos policiais. Mas nunca cumpriu a promessa, apesar de já ter dito por meio da imprensa que o faria. Monteiro também deu falsas pistas sobre o paradeiro do original. Ainda assim, ele continua a ser fonte importante da investigação, pois várias das informações que apresentou se confirmaram posteriormente, como o uso de caixa dois na campanha tucana para o governo estadual de Minas em 1998.

Depois de prestar depoimento à PF no início deste mês, Toledo teve amostras de sua assinatura recolhidas. O objetivo é, em uma análise pericial, confrontar a grafia de Toledo com as firmas reconhecidas que constam da suposta lista de caixa dois.

A PF também investiga ligações entre os filhos de Toledo e a estatal. Segundo a investigação, os familiares do ex-diretor mantêm contratos com Furnas.

Informações da Folha de São Paulo

O Show

Imposível não citar o excelente show do U2 ontem a noite no Morumbi, ainda mais depois da polêmica causada pelas declarações de Bono a respeito do presidente Lula: "Vou sim encontrar o presidente. Ele para mim é um herói. Assim como eu, ele luta contra a pobreza do mundo e não só do Brasil" e "Lula foi o homem que mudou a agenda de Davos".

Bono, que no domingo almoçou com o presidente em Brasília, fez durante o show vários discursos, citando o combate a pobreza e convocando as pessoas presentes a lutar contra a mesma como se fossem um, independente de religião e convicções políticas.

As declarações de Bono às vezes eram complementadas por imagens no telão. O presidente Lula apareceu duas vezes. A primeira foi no telão, fazendo contraponto a Bush e a segunda, no final do espetáculo, pelo próprio Bono, que agradeceu a hospitalidade do presidente brasileiro.

Durante o show também foram exibidos trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a frase "global call against poverty" (chamada global contra a pobreza), além de um protesto contra o fanatismo religioso, onde foi pregada a coexistencia pacífica entre judeus e palestinos.

Apesar de alguns terem adorado e outros odiado as declaração de Bono sobre Lula, não se pode negar que elas foram inspiradas na influência de Lula no direcionamento das políticas globais na área social, ou seja, por mais que a Veja e outros veículos preguem o completo fracasso da política externa brasileira, declarações como a de Bono, totalmente isentas, provam que as coisas não são bem assim...

Vice de Aécio se enrola mais ainda

A CPI dos Correios estuda a convocação de Clésio Andrade, vice-governador de Minas Gerais, para que explique dois depósitos de R$ 100 mil feitos em contas do publicitário Duda Mendonça, em julho e outubro de 2003.

Os depósitos foram feitos por meio de uma empresa de Clésio, a Pampulha Transportes Ltda — que opera linhas de ônibus em Belo Horizonte — na conta da CEP Comunicação e Estratégia Política, de Duda.

Essa é a segunda grave denuncia ao vice-governador de Minas, a outra pode ser lida nesse mesmo blog, em post de 13 de fevereiro do 2006.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Gamecorp 2: "Deixa os números falarem"

Na semana passada escrevi um post sobre a Gamecorp, que pode ser lido aqui, no entanto, a Soninha, em seu blog, fez uma análise muito boa da situação, que vale a pena divulgar. Ela escreveu o texto com base em informações do Fernando Rodrigues (o autor da reportagem que requentou as "denúncias" contra Fabio Lula).

Segue o artigo na Integra:

Deixa os números falarem

Como se costuma dizer, se você torturar os números, eles dizem qualquer coisa que você queira.

Grande destaque hoje no noticiário é a informação de que a Telemar gasta quase 5 milhões por ano em patrocínio à Gamecorp, empresa de videogame do filho do Lula. Segundo a reportagem da Folha Online (http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u75907.shtml), "a Telemar argumenta que se trata de um investimento estratégico, com bom retorno e que visa atingir um público específico".

Sem conhecer o produto e o mercado a que ele se destina, fica difícil descobrir se o argumento se sustenta ou não. Então vamos aos fatos:

1) Qual é o produto anunciado? Telefone celular e serviços de forte apelo junto ao público jovem: "download de protetores de tela, ringtones e clipes que tenham conexão com os games". Então me parece que o público alvo de uma TV de games é adequado...

2) E o retorno, é bom mesmo? Segundo tabela divulgada no blog do Fernando Rodrigues (http://uolpolitica.blog.uol.com.br/#2006_02-17_06_24_42-9961110-0), a audiência dos programas de TV da Gamecorp chega a ser O QUÁDRUPLO da audiência da MTV no mesmo horário (que, naturalmente, tem um público de perfil semelhante ao atingido pelos videogames - jovem, fissurado em cultura pop, tecnologia e consumo...). São 197.960 espectadores do programa G4 Brasil contra 48.050 na MTV no mesmo horário, segundo o Ibope.

Pois bem: quanto a Telemar gasta em patrocínio à MTV em um ano? Tá lá no Fernando Rodrigues também: são DOZE MILHÕES E MEIO previstos para 2006. Mais que o dobro do investimento, pela metade, se tanto, da audiência (no horário em que os dois programas concorrem diretamente).

Por que é suspeito a Telemar gastar 5 milhões/ano na Gamecorp e não é suspeito investir 12 e meio na MTV?

No mesmo post em que traz essas informações, Fernando Rodrigues estranha: "Fábio Lulinha consegue o prodígio de arrancar da poderosa telefônica o equivalente a 20% do que a Telemar investe na Globo". A MTV da família Civita arranca o equivalente a 50% do que a Telemar investe na Globo.O triplo do que é investido no SBT.

Estou sendo simplista e comparando alhos com bugalhos de proprósito. O público da MTV é direcionado, "segmentado", com poder de compra superior ao de boa parte do público da Globo, etc. O mercado sabe disso muito bem. Não quero que a MTV fique sem seu patrocínio, de jeito nenhum! Mas faço isso só pra chamar a atenção para o descabimento do espanto causado com o investimento na Gamecorp. Os números falam por si, mas eles são escandalosamente ignorados quando convém.

Mais uma da Folha...

Uma das cartas dos leitores publicadas pela Folha de S.Paulo de hoje merece registro. Trata-se da que assinada pelo tenente-brigadeiro-do-ar e comandante do CTA -Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial, Carlos Augusto Leal Velloso, que esculhamba a reportagem do jornal do último dia 15 ("Viagem de astronauta brasileiro é ‘marketing’, diz diretor do CTA"), na qual repete-se a insinuação de que a viagem do astronauta brasileiro, tenente-coronel Marcos Cesar Pontes, da FAB (Força Aérea Brasileira), foi antecipada para servir como efeito de marketing da campanha eleitoral de Lula.

O jornal já fizera a insinuação na semana anterior, concedendo superpoderes ao PT e ao governo brasileiro. A reportagem da Folha de S.Paulo, assinada por Fábio Amato, não deixou margem para dúvidas:

"Na semana passada, a Folha revelou que a viagem, antes prevista para outubro, foi adiada para março a pedido do governo brasileiro. As eleições teriam motivado o pedido. O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, negou que o adiamento tenha motivação política".

O desmentido do ministro de nada valeu. Predominou a versão "revelada" pela Folha, sabe-se lá de onde. De novo, não se trata de defender o governo Lula, mas de apontar o prejuízo da informação ao leitor quando a ignorância e a falta de bom senso sustentam a repetição de uma suspeita desmentida, agora metendo aspas em declarações que não foram ditas – e que são o principal motivo da indignação da carta do tenente-brigadeiro no esculacho ao jornal.

A predisposição em gerar suspeitas escorou-se na ignorância (ou na preguiça, ou em ambas) e não levou em conta informações elementares. Uma delas é a de que a suspeição da jogada de marketing teria de ser aprovada pelos outros quinze países que participam do projeto da Estação Espacial Internacional (ISS). O Brasil participa do programa desde 1997 e é o único do terceiro mundo a participar da associação que ainda reúne Estados Unidos, Rússia, Canadá, Japão, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega, França, Espanha, Itália, Alemanha, Suécia, Suíça e Grã-Bretanha.

Se para favorecer Lula, a viagem foi antecipada, a estação deveria mudar de nome. Talvez para Estação Espacial Internacional Maria Joana.

Fonte: Contrapauta

Leia a carta do tenente Carlos Augusto Leal Velloso aqui.

A reportagem citada pode ser lida aqui.

Lula: Geração de empregos é a principal ação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao abrir em Porto Alegre (RS) a 9ª Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas, fez um balanço das conquistas do governo de 2003 até agora, destacando que a geração de empregos com carteira assinada é a ação de que mais se orgulha.

"Evidentemente, uma das conquistas das quais mais nos orgulhamos e que revela o alcance social das mudanças que temos feito no nosso país é a geração de quase 4 milhões de empregos com carteira assinada em apenas 36 meses, sem contar com os postos de trabalho informais", afirmou o presidente.

Lula citou ainda resultados do Bolsa-Família, que já atende mais de 8,7 milhões de famílias, do programa Luz para Todos, que já levou luz elétrica para 2,2 milhões de pessoas, da reforma agrária , com 245 mil famílias assentadas em três anos e da construção de 113 mil cisternas no semi-árido nordestino.

Na educação, o presidente destacou a criação do Programa Universidade para Todos (Prouni), a criação de 4 universidades federais e a construção de 32 escolas técnicas até o final do ano. "Estudo de qualidade no Brasil não é mais privilégio de poucos. Essa é a verdadeira revolução da democratização do ensino e um futuro de oportunidades".

Frase da Semana

"Vou sim encontrar o presidente. Ele para mim é um herói. Assim como eu, ele luta contra a pobreza do mundo e não só do Brasil"
Bono Vox

domingo, fevereiro 19, 2006

A demofobia suicida do PSDB

Na tentativa de desqualificar o apoio que Lula recebe de uma parte da população, o tucanato resolveu esbofetear o eleitorado. Ouça-se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:

“Houve uma mudança de sentimento da classe média em relação ao presidente. Ele percebeu e virou o discurso para a massa dos não-informados”.

Ou o grão-tucano Alberto Goldman:

“Os menos escolarizados e menos informados têm dificuldade em aceitar o fato de que seu ídolo tem os pés de barro.”

Tradução: a choldra ignorante é capaz de reeleger Nosso Guia. A mula-sem-cabeça-nem-dinheiro seria o cruzamento do atraso político com a pobreza intelectual e a miséria econômica. Afinal, Lula prevalece no Nordeste (55%) e nas áreas rurais (58,6%). Sua popularidade é alta entre os brasileiros com escolaridade até a 8 série (56,4%) e salários abaixo de cinco salários mínimos (55%).

É direito dos tucanos e de muito mais gente achar que faltam a Lula qualidades convenientes para o exercício da Presidência. Daí a classificar como “menos informados” ou “não-informados” aqueles que o apóiam vai uma enorme distância. A pesquisa CNT/Sensus mostra que junto aos entrevistados com curso superior, seus índices de aprovação (44,1%) e desaprovação (48,8%) são semelhantes. (A margem de erro é de três pontos percentuais.) Na pesquisa do Datafolha, Nosso Guia tem 34% entre os pobres. José Serra tem 33%. Empate, de novo.

O tucanato acha que a escumalha só pensa quando pensa como ele. Em 1994 e em 1998, o andar de baixo elegeu e reelegeu FFHH e o PSDB não viu burros pobres nem pobres burros.

Desqualificar o eleitorado é um bom caminho para perder a eleição. Até aí, tudo bem. O perigo mora mais adiante. Depois que uma liderança política começa a acreditar que a força de seu adversário está no inferno dos ignorantes, acaba duvidando da legitimidade da eleição que perdeu. Assim, em 1950, começou a caminhada dos golpistas de 1964. A vitória de Getúlio Vargas levou seus adversários a formular a teoria da massa ignorante.

por Elio Gaspari

sábado, fevereiro 18, 2006

Consumo de famílias da Classe C cresceu 50% nos últimos quatro anos

Uma nova onda de consumo de produtos e serviços para a população de baixa renda começa a se esboçar no varejo. O gasto das famílias de classe C, com renda média mensal de R$ 1,8 mil, cresceu mais de 50% só nos últimos quatro anos, atingindo R$ 290,5 bilhões em 2005, segundo Target Marketing, consultoria especializada em pesquisa de mercado. Só no último ano, o aumento foi 26,5%.

Especialistas em consumo dizem que essa onda não é nada parecida com a verificada nos primeiros anos do Plano Real. Desta vez, há uma conjugação favorável de fatores, como a inflação cadente, a recuperação da massa de salários - que só em dezembro cresceu 8,5% - e crédito farto, que inclui os financiamentos consignados com desconto em folha de pagamento. Isso torna o cenário propício ao consumo popular, observa o consultor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, Eugênio Foganholo.

O aumento do consumo na classe C foi sentido também pelos empresários de pequeno porte. "Especialmente no último ano, houve queda no desemprego e aumento real nos salários. A massa salarial maior em circulação fez com que o comércio e os serviços crescessem", diz coordenador de Pesquisas Econômicas do Sebrae-SP, Marco Aurélio Bedê. "As pessoas estão consumindo mais, e muito desse consumo ocorre nas pequenas empresas próximas delas: uma padaria, uma loja, um salão de beleza."

'Há uma grande oportunidade para as empresas no mercado da classe C. É o segmento que mais chama atenção', afirma o diretor da Target, Marcos Pazzini. De acordo com o estudo 'Brasil em Foco' feito pela consultoria, a partir de dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e cruzados com informações de outras fontes de pesquisa, enquanto a classe C respondia por 26,2% do consumo total urbano do País em 2001, em 2005 essa fatia subiu para 27,2%. No mesmo período, a participação dos domicílios de classe C aumentou 7 pontos porcentuais, de 30,9% em 2001 para 37,9% no ano passado.

Pazzini ressalta que a classe C cresceu tanto em número de domicílios como em valores monetários de consumo porque houve ascensão social das camadas de menor renda, das classes E e D, que reduziram de tamanho. Ele observa que a classificação por classes sociais usada no estudo leva em conta não apenas a renda, mas também posse de bens.

Um dado do estudo surpreendente são os setores nos quais a classe C mais ampliou os gastos no período. Ao contrário do que se possa imaginar, as despesas com alimentação no domicílio encolheram 8% entre 2001 e 2005, mas os gastos com veículos e matrículas escolares, aumentaram 269,9% e 179,2%, respectivamente entre 2001 e 2005. Despesas com viagens (113,1%), cultura (94,9%) e higiene pessoal (92,3%) também registraram acréscimos substanciais. Pazzini observa que a classe C está ampliando a demanda para outros segmentos que não são tão básicos.

Informações obtidas do IBGE, IPEA, Agencia Estado, Último Segundo e Gazeta Mercantil.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Dimasduto 6: Monteiro vai apresentar a Lista Original

O lobista mineiro Nilton Monteiro (foto) avisa que vai entregar à Polícia Federal (PF) o original da suposta lista do Caixa 2 de Furnas. Em entrevista gravada em Belo Horizonte ao repórter do blog Leandro Colon, ele tentou, primeiro, evitar o assunto, mas acabou confirmando que possui o original:

- Ele (Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas) fez quatro blocos (da lista). Eu fiquei com um. Um ficou com o Dimas. E os outros dois ficaram com o doutor Felipe (advogado de Dimas). Eram também 28 recibos. Eu devolvi 20 e fiquei com oito. Vou entregar tudo. O original e os recibos.

Os tais recibos teriam sido assinados por assessores e alguns dos 156 políticos que receberam para as eleições de 2002 um total de R$ 36,5 milhões doados por dezenas de empresas brasileiras e multinacionais.

Informações do Blog do Noblat

Veja a Lista de Furnas aqui.

Audio da entrevista aqui.

Gamecorp - Denuncia improcedente e requentada

O investimento realizado pela Telemar na Gamecorp, empresa na qual o filho do presidente, Fábio Lula, é sócio ainda vai dar muito o que falar durante a campanha desse ano. Foi só surgir uma sequencia de denúncias contra a oposição que já requentaram essa história.

Apesar da desconfiança a respeito do negócio, a Telemar informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o investimento na Gamecorp é "estratégico" por causa do público que a produtora atinge e dos produtos que pode gerar para a Oi e a Oi Internet. A empresa afirma que o investimento em conteúdo diferenciado, como o feito em um produtora de TV voltada para games, faz parte da estratégia inovadora que a empresa diz adotar.

A Telemar informa tratar-se de investimento estratégico porque a Gamecorp atua junto a um público que interessa à empresa, formado por adolescentes, e também detém a exclusividade no Brasil do G4 TV, um canal americano que tem uma programação dedicada exclusivamente a videogames e novas tecnologias. A G4 TV, lançada em 2002 como uma TV a cabo, já tem 50 milhões de assinantes.

O conteúdo dos programas produzidos pela Gamecorp será explorado pela Oi, subsidiária de telefonia celular da empresa, e pela Oi Internet, segundo a Telemar. A Gamecorp é uma empresa de nicho, cujos programas de TV sobre videogame atingem de 2 a 3 pontos de audiência.

A junção de games, TV, celular e internet já esta consolidada como uma boa aposta no mercado futuro, cujo mercado de jogos para celulares movimentou US$ 345 milhões (R$ 1 bilhão) no ano passado e deve alcançar US$ 1,5 bilhão (R$ 4,35 bilhões) em 2008, só nos EUA. No Brasil, o investimento na produção e divulgação de jogos para celulares é crescente. Esse mercado movimentou cerca de R$ 120 milhões em 2003, segundo dados da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames). Devido a tendência de crescimento desses números, os olhos dos empresários têm se voltado para investimentos na produção de games para celulares.

No mundo todo, o mercado de games deverá atingir mais de US$ 52 bilhões em 2007. Segundo Guilherme Carvalhal, gerente acadêmico da Microsoft Brasil, o país tem um dos maiores potenciais de crescimento do mundo, na área de jogos eletrônicos. O fato de o Brasil ser um dos países onde mais se joga games, atrás da China e Japão, também colabora para investimentos na área.

Além da Gamecorp, outras empresas da área no Brasil também receberam investimentos parecidos no ano passado, como por exemplo a Meantime Mobile Games, empresa de Recife (PE), que teria recebido investimentos da ordem de R$ 3 milhões - número que não é confirmado pela empresa por conta de um acordo de sigilo assinado com os investidores na marca.

O investimento total da Telemar na Gamecorp totaliza quase R$ 5 milhões, o que equivale a 0,01% da receita da empresa. Do total investido, metade foram gastos para a aquisição de 35% das ações da empresa e a outra metade foram investidos na exclusividade do conteúdo produzido pela Gamecorp.

Desde o ano passado a oposição tem batido na tecla de que a Telemar não está interessada nos programas de games, mas em ganhar a simpatia do presidente Lula, no entanto, pelo que consta até o momento, a Telemar não recebeu nenhuma vantagem do governo que não tenha sido também oferecida às outras empresas de telefonia.

Esse texto foi produzido com base em dados da Abragames, Telemar, BNDES e reportagens da Folha de São Paulo, IDG Now!, Unicamp na Mídia, Observatório da Imprensa e Mobilidade Brasil.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Senador do PSDB é acusado de associação com o crime organizado

Nos últimos dias estão pipocando acusações contra os políticos ligados a oposição, a de hoje é realmente surpreendente, envolvendo esquemas de caixa 2 do PSDB com ligações com o CRIME ORGANIZADO. Pelo menos essa é a acusação gravíssima que o juiz federal Julier Sebastião da Silva fez ao senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT).

Paes de Barros foi acusado de utilizar recursos de caixa dois em sua campanha eleitoral provenientes de pessoas ligadas ao crime organizado.


Segundo o Juiz, entre 1995 e 2003, o PSDB recebeu dinheiro do bicheiro José Arcanjo Ribeiro, conhecido como "comendador", e o usou para campanha de Antero ao governo do Estado, além de campanhas de deputados federais e estaduais. Durante esse período, segundo Julier, a Assembléia Legislativa depositou mais de R$ 80 milhões nas contas de empresas de Arcanjo.

Julier lembrou que o Banco Central identificou um deposito de R$ 2 milhões de empresas do bicheiro para a gráfica de João Dorielo Leal, que prestou serviços à campanha do PSDB em 2002. O juiz citou ainda o depoimento à Justiça do ex-contador de Arcanjo em que ele revelou um depósito R$ 5,7 milhões do bicheiro para a campanha de Antero.

A origem de todo esse processo se deu na época em que o senador tucano foi presidente da CPI do Banestado, relatada por José Mentor (PT-SP). A comissão foi encerrada no ano passado sem a aprovação do seu relatório final, devido às disputas políticas entre seus dirigentes. Mesmo assim, Mentor encaminhou à Justiça do Mato Grosso cópia do seu parecer, que passou a fazer parte do processo contra o comendador, conforme explicou Julier Sebastião da Silva.


O juiz do Mato Grosso explicou que, no início de 2005, o deputado José Mentor e a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) entregaram a ele o relatório de Mentor sobre a CPI do Banestado. Julier disse que mandou anexar o relatório aos autos do processo contra o comendador e, "dando seqüência jurídica à matéria, encaminhou-a para o Ministério Público Federal por citar senador da República, onde o processo permaneceu por quatro meses".

Segundo o depoimento do juiz, Mentor acusa Paes de Barros de ter obstruído os trabalhos de investigação da CPI do Banestado. No processo, ele é citado também como tendo recebido cerca de R$ 240 mil de Arcanjo para sua campanha eleitoral de 2002. A Polícia Federal encontrou 84 cheques num valor total de R$ 240 mil da Vip Factoring, empresa de Arcanjo, para o comitê de campanha do PSDB.

Mais informações podem ser encontradas aqui e aqui.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Dimasduto 5: PF descobre carimbos originais da 'lista de Furnas'

A Polícia Federal obteve, no início desta semana, uma nova cópia da chamada "lista de Furnas" com autenticações originais que reforçam a tese de que a relação, que tem provocado a ira da oposição ao governo Lula, seja verdadeira. Fontes ligadas à apuração revelaram à agência inglesa de notícias Reuters, nesta terça-feira, ter conseguido uma cópia da relação com selos originais do Cartório de Quarto Ofício de Notas do Rio.

Até então, a PF trabalhava sobre uma fotocópia do documento, que impedia uma análise aprofundada de seu conteúdo. A nova prova, que está anexada ao inquérito que apura irregularidades em Furnas, confirmaria que a cópia em poder da PF foi feita a partir de uma versão original. O documento traz os nomes de 156 políticos da base aliada do então presidente Fernando Henrique Cardoso, principalmente do PSDB e PFL, que teriam se beneficiado de um suposto esquema de financiamento irregular de campanhas montado a partir de Furnas, em 2002.

No documento, de acordo com a mesma fonte da agência, constam os selos holográficos e as assinaturas de servidores do cartório responsáveis por atribuir-lhe fidelidade. Em depoimento à PF na semana passada, o tabelião Hamilton Barros e o escrivão Fábio Dello, funcionários do cartório do Rio, afirmaram ter dado o aval ao documento com base na apresentação do original.

Eles alegaram aos policiais, conforme seus depoimentos, ter conhecimento suficiente para não serem induzidos ao erro. Na mais recente versão da lista consta de forma mais legível a assinatura do ex-diretor de Furnas Dimas Fabiano Toledo, a quem a autoria do documento é atribuída. Em depoimento à PF na quinta-feira, no Rio, ele voltou a negar qualquer participação em sua elaboração e disse que a lista seria uma fraude. Toledo tem depoimento marcado na CPI dos Correios na quarta-feira.

Leia a íntegra da reportagem no Correio do Brasil.

Recuperação de Lula 2

Talvez mais importante do que a recuperação nas intenções de voto do presidente Lula, demonstrada pela pesquisa CNT/SENSUS, sejam os resultados sobre a rejeição de cada pré-candidato. Esses números, muito pouco comentados, refletem o percentual de eleitores que não votariam de modo algum em determinado candidato.

Os resultados das 2 últimas pesquisas indicam melhora do presidente Lula nesse quesito, ultrapassando os pré-candidatos tucanos, apelidados pela mídia de "anti-Lula". Os percentuais de rejeição indicados pela pesquisa CNT/SENSUS são obtidos a partir da seguinte pergunta, respondida pelo entrevistado para cada um dos candidatos apresentados:

Da seguinte lista de possíveis Candidatos, em quem o Sr(a) votaria ou não votaria para Presidente da República se as Eleições fossem hoje:
1. Único que votaria
2. Poderia votar
3. Não votaria
4. Não conhece


Os resultados de rejeição obtidos nas pesquisas realizadas em setembro do ano passado em em fevereiro desse ano foram os seguintes:
Lula: 39,3% (set/05) => 35,8% (fev/06)
Serra: 38,7% (set/05) => 41,7% (fev/06)
Alckimin: 40,7% (set/05) => 39,9% (fev/06)

terça-feira, fevereiro 14, 2006

A ÉTICA DA DESFAÇATEZ

À vontade no centro do Roda Viva, da TV Cultura, na noite da segunda-feira 6, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso brindou os telespectadores com uma análise do atual momento. Como o formato e o tempo do programa dificultam um debate esclarecedor, CartaCapital, modestamente, contextualiza algumas ponderações do sociólogo, a bem da verdade dos fatos.

Leia a análise de alguns trechos da entrevista levantados pela revista Carta Capital aqui.

Recuperação de Lula

A pesquisa CNT/Sensus, que será divulgada hoje, deve mostrar uma forte recuperação do presidente Lula na disputa da reeleição, espera-se que Lula apareça 10% na frente do prefeito José Serra nas simulações de 2o turno. Isso indicaria uma recuperação impressionante, já que na última pesquisa da série Lula aparecia 4% atrás de Serra.

Os resultados vazaram para a imprensa ontem de madrugada e devem ser confirmados hoje a tarde com a divulgação oficial da pesquisa. A seguir os gráficos históricos da pesquisa com a evolução da preferência do eleitorado.





Leila mais aqui.

Superávit comercial acumulado no ano sobe 20%

(Com informações de Reuters e Folha Online)

A balança comercial brasileira teve um superávit de US$ 881 milhões na segunda semana de fevereiro (entre os dias 6 e 12). O resultado fez com que o superávit acumulado do ano chegue a US$ 3,870 bilhões, um crescimento de 19,6% sobre o mesmo período do ano passado (US$ 3,236 bilhões).

As exportações somaram US$ 12,939 bilhões, alta de 24,1% sobre o desempenho de igual período de 2005. As importações totalizaram US$ 9,069 bilhões, elevação de 26,2% sobre 2005. As informações são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e foram divulgadas nesta segunda-feira.

O saldo de US$ 881 milhões na segunda semana de fevereiro é seis vezes o obtido na primeira semana do mês (US$ 145 milhões). A primeira semana, no entanto, teve apenas três dias úteis.

Entre os dias 6 e 12 de fevereiro, as exportações somaram US$ 2,375 bilhões e as importações, US$ 1,494 bilhão. A média por dia útil das vendas externas foi de US$ 475 milhões e a das importações, de US$ 298,8 milhões.

O mercado prevê para 2006 um superávit comercial de US$ 40 bilhões, segundo a última pesquisa semanal do Banco Central.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Para pensar!

Existem aproximadamente 6 bilhões de pessoas no mundo. Imagine uma grande loteria mundial, onde cada uma destas 6 bilhões de pessoas retira um ticket. Impresso neste ticket, estariam as circunstâncias nas quais cada um estaria destinado a viver suas vidas. Impresso em cada ticket estaria então:

- Sexo

- Raça

- Lugar de nascimento

- Tipo de governo

- Nome dos pais, com seus níveis de renda e profissões

- Nível de QI

- Peso, altura, cor dos olhos, etc.

- Riscos de saúde

Se você está lendo esta mensagem agora, provavelmente o ticket que você retirou não seja tão ruim. A probabilidade que alguém tire um ticket que tenha as circunstâncias favoráveis que você está agora, são bem baixas. A probabilidade de alguém ter nascido, digamos, em uma região próspera e rica, com boa saúde, boas condições familiares de renda e QI acima da média são minúsculas.

Sendo assim, é bem razoável pensarmos que não devemos nos orgulhar de nossa situação e pensar que é um feito só nosso, nós apenas tiramos um ticket de sorte. Provavelmente nossas habilidades e inteligência seriam inúteis se tivessemos nascido no meio da pobreza em alguma aldeia africana.

Imagine agora você como alguém que vai definir os sistemas que governam o mundo. Aí se incluem o tipo de governo, programas sociais, impostos, segurança, mercados de trabalho, leis, etc. Você tem que escolher os sistemas que acredita serem os mais justos e que você gostaria de conviver. Um detalhe importante: você ainda não sabe que ticket vai pegar! (Lembre-se que saímos em vantagem nessa vida).

Sendo assim, que tipo de sistema você criaria se não soubesse o ticket que iria pegar ? Você teria uma posição diferente em alguns dos programas em que você está ou teria outra posição caso você fosse cercado por diferentes circunstâncias ?

Vice de Aécio fez saque de R$ 7,4 mi em espécie no Banco Rural

Reportagem da Folha de São Paulo denuncia saques milionários vinculados ao nome de Clésio Andrade, vice de Aécio Neves, na agência do Banco Rural no Brasília Shopping, a mesma em que vários parlamentares fizeram retiradas em espécie, no famoso esquema do valerioduto. Segundo o Banco Rural, o Idaq, entidade dirigida pelo vice-governador de Minas Gerais, sacou R$ 7,4 milhões, em dinheiro vivo, entre 2003 e 2004 da agência.

Forçado por lei, o Rural fez a comunicação dos saques ao Banco Central por dois motivos: "movimentação em espécie em negócios normalmente realizados por cheques ou outros" e "movimentação incompatível com o patrimônio ou atividade econômica". Em janeiro de 2004, os saques da conta do Idaq ultrapassaram R$ 4 milhões. Ocorreram 20 retiradas entre agosto de 2003 e julho de 2004.

Segundo o Departamento de Combate a Ilícitos Cambiais e Financeiros do Banco Central, o faturamento médio mensal do Idaq no período dos saques era de R$ 663 mil, incompatível com as operações realizadas, que as vezes superavam, em um único saque, todo esse volume. Entre os dias 6 e 12 de janeiro de 2004, por exemplo, foram feitas quatro retiradas de mais de R$ 800 mil cada uma.

Clésio Andrade foi sócio do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, na agencia SMPB Comunicação, da qual afastou-se em 1998 para concorrer ao cargo de vice-governador de Minas Gerais, na chapa do então governador e ex-presidente nacional do PSDB Eduardo Azeredo, candidato à reeleição.

Investigações da CPI dos Correios já revelaram que Valério colaborou com pelo menos R$ 9 milhões no esquema de caixa dois para a campanha de Azeredo, por meio do tesoureiro tucano Cláudio Mourão. O publicitário tomava empréstimos no Banco Rural.

Há duas semanas, a CPI detectou o pagamento de R$ 1,4 milhão para as contas do Idaq entre 1997 e 1998. Clésio Andrade alegou que se tratava do pagamento pela venda de sua parte na sociedade com Valério.

A reportagem completa pode ser lida aqui.

Frase da semana!

Esse comentário feito no orkut para um fake denominado Geraldo n. 45 é a frase da semana... muito boa!
" Ô geraldo, me esclarece uma coisa: vc chicoteia a bunda ou é apenas um simpatizante não praticante da Opus Dei?"

Política é sempre Política...

Segue um artigo interessante, da Helena Chagas, onde ela compara de forma muito clara as campanhas antecipadas para a reeleição de Lula hoje e a de FHC, em 1998.

“Acho que é preciso que as pessoas tenham bom senso. É preciso não confundir o que é o exercício do governo com o uso de máquina. Até porque não sou candidato ainda a nada. Sou presidente da República. Só depois que a pessoa é candidata a alguma coisa é que você pode ter a restrição que se deve ter ao uso da máquina.” Temos ouvido muitas afirmações do tipo nos últimos dias.

Só que esta é de Fernando Henrique Cardoso, em 6 de março de 1998, registrada no GLOBO do dia seguinte. Naquele dia, o presidente reagia com indignação à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de acolher representação do PT e abrir contra ele processo sob acusação de uso eleitoral da máquina e abuso de poder político e econômico. Acusavam-no de usar o cargo para fazer campanha antecipada.

O processo não deu em nada. Tratava-se apenas de um aviso da Justiça Eleitoral aos navegantes da primeira campanha de reeleição no país. Tecnicamente, o então presidente Fernando Henrique, que dez meses depois tomava posse para um segundo mandato, não era candidato e não podia, portanto, ser punido por fazer campanha eleitoral irregularmente.

Fernando Henrique aproveitou a brecha até 4 de julho, quando a Lei Eleitoral passou a proibir a presença de candidatos em inaugurações. Nas duas primeiras semanas de fevereiro de 1998, por exemplo, esteve em 13 eventos em cinco estados do Nordeste, como registra o GLOBO: Sergipe, Maranhão, Ceará, Alagoas e Pernambuco.

Em 13 de fevereiro, na quarta viagem à região em uma semana, estava em Pernambuco. Inaugurou uma barragem ao lado dos três principais candidatos ao governo do estado: Miguel Arraes, Carlos Wilson e Jarbas Vasconcelos. Aproveitou para assinar protocolo de retomada das obras paralisadas da Transnordestina (sempre ela). E ainda teve fôlego para ir a Palmares, Zona da Mata, comemorar o aniversário do lançamento do programa de erradicação do trabalho infantil. Foi recebido com fogos, tapete vermelho e um coro de 3.180 crianças retiradas dos canaviais. E prometeu: “Tiramos 30 mil crianças dos canaviais em 1997 e neste ano queremos tirar mais 30 mil. Essa é mão amiga, a mão do governo disposta a ajudar os que se dispõem a trabalhar conosco”.

Campanha? Das mais escancaradas. Mas era também governo. Como diziam os petistas — que chegaram a pôr “arapongas” para vigiar os passos de Fernando Henrique e encheram o TSE de representações que deram em nada — para se separar o presidente da República do candidato à reeleição, só clonando.

Desde que foi implantado no Brasil o instituto da reeleição, todo presidente, governador e prefeito virou candidato, muitas vezes desde o primeiro dia do mandato. Não há como tirar a idéia da cabeça do sujeito, e mesmo aqueles que sempre esbravejaram contra a reeleição passam a sonhar com ela. Mordidos pela mosca azul ou abatidos por um estranho efeito psicológico que leva o indivíduo a se considerar um fracassado se não usar a faculdade que lhe permite a lei.

E a lei não os contempla apenas com a possibilidade de pleitear um segundo mandato. Ela deixa quase tudo. E, uma vez autorizado o governante a concorrer sem se afastar um só dia do cargo, qualquer tentativa de limitar a influência do uso da máquina ou das prerrogativas do poder é brincadeira.

Bem que a Justiça Eleitoral pensou em impor limites na regulamentação baixada em 1998, que deve valer também para a reeleição de Lula. Trata-se, porém, de uma tênue, quase inútil, tentativa de tapar o sol com a peneira. Por exemplo: é proibido o uso de logomarcas nas placas de obras em execução ou recém-inauguradas e o candidato à reeleição não pode participar das inaugurações. Nada impede, porém, que vá ao local antes ou depois do dia da inauguração e faça sua festinha...

Enfim, tudo conspira a favor de um candidato à reeleição no exercício da função. Só uma mudança na lei — que não precisa ser o fim do instituto ainda não devidamente testado da reeleição — pode reduzir o abismo da desigualdade de condições entre quem disputa eleição com cargo e quem disputa sem cargo. A desincompatibilização, por exemplo, pode não resolver. Mas ajuda.

Nenhuma mudança, porém, pode valer para 2006. Vamos ver o mesmo filme. Lula, que só não é candidato para quem não quer ver, já está em campanha escancarada — exatamente como fez seu antecessor. E não há nada, nadinha, a impedi-lo. Petistas que chiavam agora aplaudem; tucanos que riam, reclamam. Lamentavelmente, também no plano institucional é tudo questão de referencial.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Roberto Jefferson fala à CartaCapital sobre Lista de Furnas

A seguir a entrevista completa de Roberto Jefferson a Carta Capital:


AS DONZELAS FURADAS

O ex-deputado Roberto Jefferson afirma que, em 2002, Dimas Toledo era o homem dos tucanos em Furnas

Por Maurício Dias


Com o mandato cassado, após ter denunciado o esquema de caixa 2 usado pelo Partido dos Trabalhadores nas eleições de 2002 e 2004, o ex-deputado Roberto Jefferson virou um fantasma que assombra permanentemente a ópera. Depois de um tempo sumido do noticiário, dedicado à advocacia e à música, ele reapareceu em grande estilo na quarta-feira 1º de fevereiro. Ao depor no inquérito da Polícia Federal que apura as denúncias iniciais que atingiram em cheio o PT, ele abalou os nervos do PSDB principalmente e, também, do PFL e do PMDB, além de partidos menores que davam sustentação ao governo Fernando Henrique Cardoso. Lateralmente às informações sobre o dinheiro escoado pelo Valerioduto para petistas e aliados fez uma revelação inesperada: confirmou ter recebido R$ 75 mil, ao vivo, das mãos de Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas, para a campanha eleitoral de 2002.
Jefferson tirou da clandestinidade e, em parte, deu autenticidade a uma lista que aterrissou nas redações há uns dois meses e, há uns 15 dias, navega livremente na internet. Nela, entre 156 nomes beneficiados por um suposto caixa 2 de Furnas, os tucanos encabeçam a lista com milhões de reais para a campanha, devidamente sonegados à Justiça Eleitoral.
Na sala que ocupa provisoriamente no escritório de advocacia que mantém no centro do Rio de Janeiro (a principal está em obras ganhando uma acústica especial para os meneios vocais do dedicado tenor amador) Jefferson reafirmou a CartaCapital o que disse na Polícia Federal. E avançou nas considerações sobre a veracidade da lista. A seu modo. Confirmou fingindo, fingindo que não confirmava. Sempre sorrindo, consciente que aterrorizava a “hipocrisia dos tucanos”, que identifica como “donzelas furadas”. “É o nome de uma rosquinha de polvilho, com um furo no meio, que vendem nas feiras do Nordeste”, conta com expressão irônica no rosto.
Depois de repetir que os R$ 75 mil que recebeu são o exato valor que consta da lista, ele refuga e não confirma se a lista é verdadeira. Mas garante que ela é crível, lógica, e tem bastante semelhança com a verdade. E vai além: “Em 2002, Dimas Toledo era o homem do PSDB em Furnas”.

CartaCapital: Por que o senhor foi depor na Polícia Federal?
Roberto Jefferson: Fui lá falar do mensalão. O inquérito está correndo. Mas o delegado me mostrou a lista. Eu não conhecia.

CC: Perguntou se era verdadeira?
RJ: Eu disse que sobre os outros eu não poderia falar. No que tocava a meu respeito eu confirmei que recebi do doutor Dimas os R$ 75 mil que estão lançados na lista. Ele me perguntou se não era estranho não ter nenhum nome do PT. Eu disse que não era estranho. Em 2002, o doutor Dimas era o homem apenas do PSDB. Estava lá colocado e mantido por políticos do PSDB. Por isso, os nomes da lista são de pessoas de partidos que compunham a aliança de governo com o presidente Fernando Henrique. Tem políticos aí do PSDB, do PFL, do PTB, do PP, do PL. São os políticos da base do governo Fernando Henrique. Nessa época, o PT não tinha nenhuma ingerência nessa diretoria de Furnas.

CC: Volto a uma pergunta que o senhor já respondeu: a quem a lista interessa?
RJ: Eu disse para o delegado que era advogado criminal. Expliquei que, se fosse advogado do doutor Dimas, que teve a casa invadida
CC: Por quê?
RJ: Uma lista com 156 próceres da República recebendo recursos do caixa 2 na mão da polícia é a plena garantia de que o inquérito vai ser arquivado. Essa é a mais absoluta certeza do arquivamento do inquérito. Publique a lista e arquive o inquérito. Disse para ele que, para mim, estava claro que era interesse da defesa. O maior interessado nisso é a defesa do doutor Dimas. Ele me perguntou se eu achava que as pessoas tinham recebido o dinheiro. Respondi que não podia achar. Não posso cometer a leviandade de acusar as pessoas. Eu posso falar por mim.

CC: E como foi que a coisa se passou com o senhor?
RJ: O doutor Dimas esteve comigo na minha eleição, em 2002, e doou à minha campanha R$ 75 mil não contabilizados, caixa 2.

CC: Como era a mecânica de funcionamento do caixa 2 de Furnas. Como o senhor soube do doutor Dimas e como ele o procurou?
RJ: Foi através de um amigo comum. Não quero dar o nome. Vendo a minha dificuldade, me procurou e disse que ia me apresentar ao Dimas Toledo. Perguntou se eu receberia o dinheiro e eu disse que sim.

CC: Não foi em virtude de um acordo partidário?
RJ: Não, não. Foi pessoal. O doutor Dimas é um homem de tamanho prestígio, de tamanha força, que metade das pessoas incluídas na lista me ligou quando o presidente Lula pediu um nome para substituí-lo em Furnas.
CC: O senhor já tinha falado desse caixa 2 em Furnas, não?
RJ: Sim, numa entrevista para a Folha de S.Paulo. Falei de um encontro com o Zé Dirceu. Ele me explicou como funcionava e pediu para que o Dimas permanecesse fazendo o caixa do PT e do PTB. Mas o presidente Lula não queria a permanência do Dimas, que ele considerava extremamente tucano. Mas o Dirceu queria que ele permanecesse. Nessa época, o Dimas já transferia dinheiro para o PT. Entregava dinheiro ao Delúbio.

CC: O que aconteceu?
RJ: Lula reagiu. “Por que recuou”, perguntou o presidente. ‘Muita pressão’, respondi. “E você não sabe resistir à pressão”, insistiu Lula. Eu disse, ‘então está fechado. Vamos trocar’. O Dirceu protestou e disse que se eu tivesse insistido o Dimas ficaria.

CC: E por que não insistiu?
RJ: Eu disse que era ruim manter o cara. Aí foi a origem de todo o meu problema com o Dirceu. Por ter tentado remover o doutor Dimas dessa posição poderosíssima de apoio aos partidos políticos. Ele era tão poderoso que governadores me ligaram para que eu não o tirasse, que não insistisse na troca.
CC: É possível resolver eticamente a relação dinheiro e voto no processo eleitoral?
RJ: Claro que sim. A democracia se financia com dinheiro. O crime não é financiar com dinheiro a democracia. E, sim, gente usar a democracia para enriquecer depois.

CC: O crime é somente usar o dinheiro em causa própria?
RJ: Claro. Sem dinheiro não há democracia. Veja a democracia americana. Por mais crítica que se faça é a maior democracia do mundo. Quem doa o maior cheque para a campanha presidencial senta ao lado do candidato para a fotografia. Não há desdouro. É uma mentira dizer que quem doa tem interesse subalterno.

CC: Ou seja, os interesses não são necessariamente subalternos.
RJ: É isso. Aqui no Brasil há uma história esquisita de que os políticos só podem cuidar do velho, do deficiente físico. É isso também. Mas não é só isso.

CC: Mas não foram os políticos que inventaram isso?
RJ: Não foi, também, a mídia?

CC: É possível. Mas ela não estaria refletindo o que ouve e vê?
RJ: Essa hipocrisia, esse falso moralismo não teria sido criado pela imprensa? Só se faz o social se brigar pelo econômico. É claro que o deputado tem de brigar pelo interesse das empresas do estado dele. Não se reparte miséria.
CC: O senhor chegou a medir qual a relação entre o dinheiro oficial e o “por fora” nas campanhas?
RJ: Quando fui depor na CPI dos Correios, levei a prestação de contas tanto dos senadores quanto dos deputados. A média dos deputados federais estava entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. Isso é o que eles declararam à Justiça Eleitoral. O de senador apresentava um gasto médio em torno de R$ 300 mil. No mínimo, o custo é dez vezes mais. Uma campanha de deputado federal não custa menos de R$ 1,5 milhão. Uma boa campanha pode custar até R$ 3 milhões. Um candidato a senador, com uma boa campanha, vai gastar R$ 5 milhões ou R$ 6 milhões.

CC: Ou seja, para cada real declarado...
RJ: Outros dez entram pelo caixa 2. O empresário dá 10 “por dentro” e 90 “por fora”.

CC: O senhor acredita que, por efeito de suas denúncias, a campanha em 2006 será isenta de caixa 2?
RJ: Não. Ela vai ser muito mais cuidadosa. O caixa 2 vai continuar existindo na próxima eleição. Em menor intensidade. Os candidatos vão ter um cuidado muito maior. A Justiça Eleitoral vai estar muito mais atenta. O candidato que exibir outdoors, meia página de anúncio nos jornais, showmícios e muita camiseta e muito boné, o povo vai olhar para ele e dizer “êpa, espera aí”. A própria Justiça vai chamar o candidato e cobrar: o senhor tem declarado o que já gastou? De onde o dinheiro veio?

CC: Até quando vai durar isso?
RJ: É irreversível. Está muito consciente na cabeça da população.

CC: Com essa mesma legislação em vigor?
RJ: Essa legislação vai ser modificada. O povo vai estar muito mais atento a todos. Para mim, a grande vitória desse processo todo que nós vivemos foi desmistificar todos os políticos e todos os partidos. O povo, hoje, sabe que todos os políticos têm defeitos e todos têm virtudes. Tem ladrão de esquerda e tem ladrão de direita. Tem gente boa de esquerda e gente boa de direita. O PT deixou isso claro na cabeça das pessoas. O partido rasgou a bandeira da ética
CC: Todo mundo teria ficado igual?
RJ: É isso. E o povo descobriu que se não ficar atento e não tomar conta qualquer um mete a mão no bolso. Vivemos toda essa crise e ninguém disse que tinha de fechar o Congresso, que tem de tirar o Lula e botar um general no poder. As pessoas foram expostas e a sociedade discutiu abertamente o Marcos Valério, Dirceu etc. Tudo discutido sem nenhum arranhão ao regime democrático.

CC: O PT está exposto. Mas agora surgiu o listão de Furnas que o senhor insinua ser verdadeiro. Diz que tem uma lógica. Não se fazia caixa 2 em Furnas?
RJ: Essa posição de Furnas só não era maior do que a posição da Petrobras. É uma das mais poderosas posições políticas do Brasil. É disputada em luta de carnificina pelos partidos. Exatamente em razão do financiamento eleitoral.

CC: Em 2002, era uma grande financiadora eleitoral do esquema tucano?
RJ: Eu não tenho dúvida. Conversei isso abertamente. Mensalmente, em 2002, ela rendia R$ 4 milhões para partidos políticos. Só de manutenção. Fora a celebração de novos contratos em volumes vultosíssimos. O trato que eu fiz com o Zé Dirceu era de R$ 2 milhões para o PTB e R$ 2 milhões para o PT.

CC: Até então o PTB estava fora?
RJ: Sim. E quando tentou entrar sofreu esse revés. Eu quero deixar claro que o recurso não sai do caixa da empresa. Isso é da relação com as empresas que fornecem serviços à empresa. É assim em todas as estatais. Por isso os partidos se digladiam pelas nomeações. Sempre foi assim.
CC: O senhor acha possível que haja uma investigação sobre a lista?
RJ: Eu não sabia dessa lista. Fui saber na Polícia Federal. Não fiz denúncia. Me perguntaram, respondi. Eu acho difícil aprofundar a investigação. Se o doutor Dimas não disser que fez a lista mesmo...

CC: Mas na medida em que o senhor admite que recebeu dinheiro...
RJ: Sim. Eu recebi...

CC: Pois é. A mesma quantia que está na lista.
RJ: Igualzinha. Eu cansei da hipocrisia. Eu cansei da mentirinha. De fazer o erro e apontar o erro do outro para encobrir o próprio erro. Eu não posso dizer que a lista é verdadeira. Mas politicamente ela é crível? Eu acho que é. Politicamente bem ordenada. Há um inquérito da Polícia Federal sobre Furnas. Qual a melhor defesa?

CC: Um conflito generalizado para ninguém ser responsabilizado.
RJ: É isso. Está morto o assunto. Quem vai avançar nisso?

CC: Quando disse que metade da lista ligou para manter o doutor Dimas, o senhor dá mais uma evidência no sentido da veracidade dela.
RJ: É uma coincidência grande (rindo). Uma grande coincidência... hahaha. Quando eu vi a lista, comecei a rir. O delegado achou que eu estava maluco. Quis saber a razão. Eu disse não é nada não. Eu ia lendo os nomes e rindo. Esse nome... hahaha. Foi a turma que me pediu pela manutenção do Dimas.
CC: Quando o senhor fala, com naturalidade, do fato do dinheiro do caixa 2 ter destinação política não considera que a fábrica da caixa clandestina pode gerar um processo de corrupção?
RJ: O que é escuso é a fraude ao Fisco. Se a legislação fosse clara e não hipócrita permitindo a livre contribuição das empresas para os partidos não teria problema. No governo tucano as empresas mais importantes que estavam em turno tiveram a maioria dos contratos. Mas no governo petista as empresas que estavam de fora tiveram o direito de chegar. Isso é da democracia. Isso tinha de ser claro...

CC: Ao confirmar que tinha recebido mesmo os R$ 75 mil do listão de Furnas, o senhor deu um grau de veracidade ao documento que ele não tinha. Deixou de ser mentira para, pelo menos, ser provável. Qual a sua finalidade ao fazer isso?
RJ: Não vou mentir mais. Eu podia ter mentido. Não quero mais hipocrisia. Cansei de fazer parte da vida política do País. E não vou proteger aqueles que mentem.

CC: Por que, então, insinuar e não afirmar?
RJ: Eu não tenho como acusar as pessoas que aí estão. Há lógica na lista? Há. Ela é crível? Claro que é crível. Ela se assemelha à verdade? Claro que se assemelha...

CC: Ela é verdadeira?
RJ: Isso eu não posso dizer. O doutor Dimas Toledo pode esclarecer isso bem.

CC: E se o doutor Dimas disser que o senhor foi o único a receber dinheiro por fora?
RJ: Eu vou ter de dizer: vai ter prestígio assim lá no inferno... (gargalhando) Hahaha

"Não vou mentir mais.
Não quero mais hipocrisia. Os tucanos são muito hipócritas. São as donzelas furadas."

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

DIMASDUTO 4: E agora José?

E agora José? Tudo leva a crer que a tal lista é verdadeira... por listas e denúncias muito menos "verificadas" muita coisa já aconteceu até agora. Segue texto completo, publicado pela agência Informes, com informações da Folha de São Paulo:


Cartórios confirmam autenticidade da lista de Furnas

A assinatura do ex-presidente e ex-diretor de Furnas Dimas Fabiano Toledo foi reconhecida por semelhança pelo 15º Ofício de Notas, no Rio, no documento intitulado "lista de Furnas", também autenticado em comparação com o original pelo 4º Ofício de Notas do Rio.

A lista traz o nome de 156 políticos - a maioria (82) do PSDB e do PFL - que teriam recebido repasses da ordem de R$ 40 milhões nas eleições de 2002. Entre os supostos beneficiados estão os tucanos José Serra, prefeito paulistano; Geraldo Alckmin, governador de São Paulo; e Aécio Neves, governador de Minas Gerais.

Há também os nomes de parlamentares que hoje integram a CPMI dos Correios e o Conselho de Ética da Câmara. Os políticos citados faziam parte, à época, da base de sustentação do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Segundo Luiz Melo Serra, juiz-auxiliar da Corregedoria do Tribunal de Justiça, o reconhecimento de firma por cartório significa que, a princípio, a assinatura pertence a Dimas Toledo.

Os dois cartórios confirmaram ao jornal Folha de S.Paulo ter ratificado o documento, que está sob investigação da Polícia Federal. Dimas Toledo nega ter assinado a lista.

Segundo o 15º Ofício, o delegado federal Pedro Alves Ribeiro esteve lá nesta semana para atestar se o selo IOI 056609 e a etiqueta de reconhecimento de firma haviam sido expedidas pelo cartório ou eram falsificadas. Foram emitidas em 5 de agosto de 2005.

A PF também enviou representante, ao lado de funcionário da Receita Federal, ao 4º Ofício, com objetivo semelhante. O escrevente Fábio Guimarães Belo usou os selos da série DQO 51836 a 51840 para autenticar cinco páginas do documento no dia 22 de setembro do ano passado, confirmou o cartório. Furnas foi cliente mensalista do cartório, informou o tabelião Hamilton Barros.

Os cartórios dizem só autenticar e reconhecer firmas de documentos originais, procedimento que dizem ter repetido neste caso. Não é avaliado o conteúdo do documento nem guardada cópia. O reconhecimento da assinatura de Dimas se deu pelo processo de "semelhança", não pelo de "autenticidade", que exige a presença do signatário. Neste caso, qualquer pessoa pode ter levado os papéis. O ex-dirigente de Furnas tem firma em ambos os cartórios.

Os escreventes explicaram que quando há dúvida sobre a firma consultam outros colegas. A verificação é feita em tela de computador, onde o cartão com duas assinaturas está digitalizado. Uma operação como essa custa R$ 3,88.

"Não reconhecemos cópia, nem entramos no mérito de documento", explica o assessor jurídico do 4º, Antonio Pereira Leitão. O tabelião Hamilton Barros informou que procede da mesma forma. Para evitar fraudes, ele conta que oferece aos clientes até o serviço de fotocópia gratuito no cartório.

O juiz-auxiliar da Corregedoria Luiz Melo Serra informou que vai fazer uma "averiguação interna" para identificar eventuais falhas cartorárias. Ele diz, porém, que os dois cartórios são "muito grandes, têm pessoal qualificado e notórios ciosos de suas atividades".

DIMASDUTO 3: Acordão na Camara mas...

Depois da furiosa indignação apresentada pelos políticos envolvidos no DIMASDUTO, a última coisa que deveriamos esperar era o possível acordão, que está se desenhando na CPI dos Correios, afinal, quem não deve não teme e dado o tom da reação dos acusados, esperava-se que estes seriam os mais interessados no esclarecimento do assunto... no entanto, aparentemente governo e oposição fecharam um acordo para não ampliar o leque de investigações da Comissão, evitando assim uma nova convocação do publicitário Duda Mendonça e o depoimento do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, apontado como um dos cabeças do suposto esquema de caixa 2 em favor de candidatos do PSDB, nas eleições de 2002.

Apesar do clima de abafa na Camara dos Deputados, a Polícia Federal continua trabalhando, só resta saber até quando a PF terá forças e suporte pra bater de frente com os caciques da oposição...
A PF já planeja chamar para darem explicações, entre outros, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito José Serra.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

DIMASDUTO 2: Polícia Federal investiga lista de caixa 2 de Furnas

Políticos envolvidos nas denúncias de caixa 2 de FURNAS desqualificam a famigerada lista do DIMASDUTO, o pior foi o sempre "coerente" senador tucano Arthur Virgílio que afirma que não se pode acreditar em listas que não tenham políticos do PT: "Listas sem o PT não podem ser levadas a sério".

Ao contrário do senador tucano, o ex-deputado e ex-ídolo da oposição, Roberto Jefferson, acha normal que a lista não tenha políticos do PT, já que na época, Dimas foi mantido no cargo pelo PSDB:
"O Dimas estava lá colocado pelo PSDB. Ele não estava lá para ajudar o PT".

A verdade sobre o assunto só o tempo vai dizer, ou não...

A seguir reportagem do JB sobre o assunto:


BRASÍLIA - A Polícia Federal e a CPI dos Correios vão cobrar explicações sobre uma cópia de uma lista de caixa 2 da estatal Furnas Centrais Elétricas, na campanha de 2002, onde constam supostos repasses de dinheiro para mais de 150 candidatos. A PF quer ouvir os políticos incluídos na lista e a CPI vai convocar o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, que teria gerenciado o esquema. O primeiro a ser ouvido pela PF, o ex-deputado Roberto Jefferson, confirmou em depoimento, ontem, ter recebido os R$ 75 mil registrados em seu nome na lista de Furnas.

- É uma lista de caixa 2 - afirmou Jefferson, depois de bater o olho no documento.

A lista tem repasses de R$ 9,3 milhões para o então candidato ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). O governador considerou o documento ''totalmente irresponsável'' e informou que vai tomar todas as medidas judiciais devidas. Ele comparou a lista ao dossiê Cayman, conjunto de papéis falsos que atribuíam uma conta bancária aos tucanos num paraíso fiscal.

- Vamos agir duro no sentido de coibir esse tipo de coisa. Não tem a menor procedência - reagiu Alckmin.

Entre os supostos beneficiários, constam repasses de R$ 7 milhões para o então candidato à Presidência, José Serra. O atual prefeito de São Paulo também comparou a lista ao falso dossiê, que envolvia seu nome como um dos supostos donos da conta. Serra foi mais irônico que Alckmin:

- Isso é mais falso que o dossiê Cayman - disse.

Uma das linhas de investigação da PF é ouvir os políticos. A outra é uma análise de todos os contratos de fornecedores de Furnas, que teriam contribuído com o caixa 2 para os políticos. Esta lista inclui as empresas DNA e SMP&B de Marcos Valério.

Ontem o presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), decidiu votar requerimento convocando o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, suposto autor da lista de beneficiários do esquema de caixa 2, junto com o requerimento para chamar novamente o publicitário Duda Mendonça. A assinatura de Dimas aparece na cópia da lista e, segundo a PF, é autêntica, mas há uma ''incongruência'' em um dos selos da autenticação do cartório.

Jefferson diz que Dimas Toledo foi pessoalmente ao seu escritório no Rio, para entregar os pacotes de dinheiro. Além da confirmação da contribuição na lista, outro fato reforça o caixa 2. Jefferson diz que na época em que o PTB, seu partido, tentou trocar a direção de Furnas, ele recebeu pressões dos políticos que constam na lista de beneficiários do esquema de Furnas.

- Mais de 50% daquela lista me ligou para não tirar o Dimas - disse.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, desqualificou a autenticidade da lista, pela ''inexistência do original'' do documento. Ao contrário de Jefferson, o líder do PSDB insiste que não é possível acreditar em listas que não incluam políticos do PT.

- Listas sem o PT não podem ser levadas a sério - disse Virgílio.

Jefferson acha normal não ter candidatos do PT na lista de beneficiários. Em 2002, afirma ele, Dimas Toledo foi mantido no cargo em função da aliança do PSDB de Fernando Henrique Cardoso com outros partidos. Para Jefferson, isso explica os repasses mais vultosos para PSDB, PFL, PTB e PP.