Uma nova onda de consumo de produtos e serviços para a população de baixa renda começa a se esboçar no varejo. O gasto das famílias de classe C, com renda média mensal de R$ 1,8 mil, cresceu mais de 50% só nos últimos quatro anos, atingindo R$ 290,5 bilhões em 2005, segundo Target Marketing, consultoria especializada em pesquisa de mercado. Só no último ano, o aumento foi 26,5%.
Especialistas em consumo dizem que essa onda não é nada parecida com a verificada nos primeiros anos do Plano Real. Desta vez, há uma conjugação favorável de fatores, como a inflação cadente, a recuperação da massa de salários - que só em dezembro cresceu 8,5% - e crédito farto, que inclui os financiamentos consignados com desconto em folha de pagamento. Isso torna o cenário propício ao consumo popular, observa o consultor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, Eugênio Foganholo.
O aumento do consumo na classe C foi sentido também pelos empresários de pequeno porte. "Especialmente no último ano, houve queda no desemprego e aumento real nos salários. A massa salarial maior em circulação fez com que o comércio e os serviços crescessem", diz coordenador de Pesquisas Econômicas do Sebrae-SP, Marco Aurélio Bedê. "As pessoas estão consumindo mais, e muito desse consumo ocorre nas pequenas empresas próximas delas: uma padaria, uma loja, um salão de beleza."
'Há uma grande oportunidade para as empresas no mercado da classe C. É o segmento que mais chama atenção', afirma o diretor da Target, Marcos Pazzini. De acordo com o estudo 'Brasil em Foco' feito pela consultoria, a partir de dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e cruzados com informações de outras fontes de pesquisa, enquanto a classe C respondia por 26,2% do consumo total urbano do País em 2001, em 2005 essa fatia subiu para 27,2%. No mesmo período, a participação dos domicílios de classe C aumentou 7 pontos porcentuais, de 30,9% em 2001 para 37,9% no ano passado.
Pazzini ressalta que a classe C cresceu tanto em número de domicílios como em valores monetários de consumo porque houve ascensão social das camadas de menor renda, das classes E e D, que reduziram de tamanho. Ele observa que a classificação por classes sociais usada no estudo leva em conta não apenas a renda, mas também posse de bens.
Informações obtidas do IBGE, IPEA, Agencia Estado, Último Segundo e Gazeta Mercantil.
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