terça-feira, julho 11, 2006

Em um ano, 7 milhões de pessoas sobem para classe média

Pesquisa divulgada pelo jornal O Globo neste domingo (9) mostra que, entre 2005 e 2006, cerca de 7 milhões de brasileiros ascenderam na pirâmide social e chegaram à classe média – o que representa um acréscimo de 7,9% e uma expectativa de consumo da ordem de R$ 31 bilhões a mais.

A ascensão de grandes contingentes das classes D e E para a classe C foi detectada pelo Instituto Target, com base em dados do IBGE, e confirmada por outras duas instituições: a Fundação Getúlio Vargas e o LatinPanel, ligado ao Ibope.

As políticas do governo Lula foram determinantes para a expansão dos setores intermediários da população. Segundo especialistas ouvidos pelo jornal, a evolução se deve ao crescimento de emprego com carteira assinada, à recuperação do poder de compra dos salários e ao aumento da oferta de crédito no país.

“Há um claro movimento de ascensão social. Os domicílios da classe D subiram na pirâmide. Compraram mais bens duráveis e, como na classificação leva-se em conta também a posse desses bens, houve o avanço para a classe média”, disse ao jornal o diretor da Target, Marcos Pazzini.

Para o economista da FGV Marcelo Neri, também ouvido na reportagem, a melhora da condição de vida dos mais pobres veio para ficar.

“As empresas estão confiantes, pois há custo na contratação. Por esse lado, a expansão parece sustentável. Quanto ao crédito, o avanço pode ser menor, mas deve continuar”, afirmou.

Datafolha
Outro jornal, a Folha de S.Paulo, chegou a conclusões parecidas em pesquisa Datafolha também divulgada neste domingo. Embora seja relativo a todo o período de governo Lula, o levantamento da Folha considera apenas a ascensão social dos brasileiros eleitores, ou seja, dos que têm acima de 16 anos.

Segundo o jornal, por esse critério, seis milhões de eleitores saíram das classes D e E a partir de 2003. A maioria migrou para a classe C. O levantamento também mostra que 37% dos entrevistados passaram a consumir mais nos últimos três anos e que praticamente a metade dos 125,9 milhões de eleitores (49%) considera que sua situação econômica vai melhorar.

De acordo com o jornal, a melhora na renda se dá por uma combinação de cenário econômico positivo e forte aumento do gasto público dirigido aos mais pobres. Diz a reportagem que, desde 1994, nunca foi tão baixo o percentual de brasileiros que reclama do pouco poder aquisitivo.

“Hoje, 28% acham ‘muito pouco’ o que a família ganha. Eles somavam 45% antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva”, afirma o texto.

O Datafolha ouviu 2.828 eleitores no país entre 28 e 29 de junho, quando pesquisou a intenção de voto à Presidência. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparecia com 46%, contra 29% de Geraldo Alckmin (PSDB).

A melhora no consumo e nas expectativas dos eleitores mais pobres, na análise da Folha, explicaria o favoritismo do petista, que hoje venceria as eleições no 1º turno.

Um dos principais resultados do levantamento, continua a matéria, é que o total de eleitores na classe D/E diminuiu de 46% para 38% entre outubro de 2002 e agora. A classe C passou de 32% para 40%. Já a classe A apenas variou de 20% para 22% - dentro da margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais para mais ou menos.

As maiores taxas de intenção de voto em Lula estão nas classes D/E e C: 54% e 44%, respectivamente; contra 34% na A/B. A pesquisa também questionou os eleitores sobre a participação em programas sociais do governo, como o Bolsa Família. Os maiores aumentos de consumo foram detectados entre membros da classe C que participam ou que têm alguém da família incluído nos programas. Entre esses eleitores, 52% consumiram mais alimentos nos últimos três anos, contra 37% na média geral.

Os menores percentuais de aumento de consumo foram detectados na classe D/E. Mesmo assim, é aí que está concentrada a maior força eleitoral de Lula e, segundo algumas análises, a maior taxa de aumento da renda nos últimos anos. Dentre os D/E que participam de algum programa social, Lula chega a ter 65% da preferência dos eleitores, contra 27% de Alckmin. Os D/E e C também são os mais otimistas em relação ao futuro.

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