sexta-feira, maio 19, 2006

Lembo aumenta o tom das críticas

Quinta-feira, oito da noite. Na véspera, em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o governador Cláudio Lembo havia mirado, direto, no que denominou "burguesia" brasileira, e paulistana. Taxou-a de "cínica", "minoria branca, má e perversa", que trata mal seus serviçais.

A Terra Magazine, Lembo disse viver um momento de "catarse", depois de ter sido instado "pela burguesia" - também "hipócrita", ele acrescenta - a "usar o olho por olho" na reação aos ataques do PCC. Sem citar o nome, diz que não queria ser o responsável por um novo Carandiru e seus 111 mortos.

Na véspera Lembo havia ironizado de passagem seu antecessor e candidato a Presidente da República, Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato a sucedê-lo, José Serra (PSDB) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O primeiro só ligou "duas vezes", o segundo não telefonou e o terceiro criticou um acordo que o governo teria feito com o PCC.

Nesta quinta-feira, em conversa com Terra Magazine, Cláudio Lembo não disse nada ao acaso. Contou porque decidiu falar. E acirrou as críticas contra o comportamento do alto tucanato paulista na crise enfrentada pelo estado.

Em resposta a uma provocação disse que, como os impulsos telefônicos estão caros, se Alckmin ligasse a cobrar ele, governador, "pagaria" a ligação a cobrar. À lembrança de que "vestido" talvez não fosse uma boa expressão a ser usada naquele Palácio (recordaria os 400 vestidos, ou 40 peças, recebidas por Lu Alckmin), estocou novamente:

- Eu nunca me equivoco no que eu falo. Eu sempre penso antes de falar.


Pensou antes de confirmar não ter recebido nenhuma ligação do ex-prefeito da cidade atacada, e candidato a governar o estado, José Serra:

- Pode ser um problema de amnésia, eu compreendo.(...)Ele está nos Estados Unidos(...)Eu não sei o que está acontecendo. Talvez ele não tenha acesso a meios de comunicação brasileiros, e não viu, não assistiu. Ou não quis eventualmente se envolver em episódio tão amargo e triste. Quis se preservar.


Lembrou ainda, quando perguntado, que Fernando Henrique segue em Nova York e também ainda não telefonou. Lembo admitiu que suas ironias ante a "amnésia telefônica" do triunvirato tucano são uma cobrança à responsabilidade moral para com a população de São Paulo:

- Claro quer sim. O brasileiro é, antes de tudo, insolidário.


Leia a nova entrevista aqui.

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