por Marco Aurélio Weissheimer para Carta Maior

Nas primeiras horas que se seguiram ao impacto dos ataques do PCC, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), recusou ajuda do governo federal e garantiu que a situação estava sob controle no Estado. Como os fatos se encarregaram de mostrar, não há nada sob controle em São Paulo, desde a noite de sexta-feira quando iniciaram os ataques contra agentes da polícia e de outros órgãos de segurança pública, incluindo o Corpo de Bombeiros. De lá para cá, a situação só piorou. No início da noite de domingo, o PCC diversificou seus alvos de ataque, incendiando ônibus e atacando agências bancárias. Na manhã de segunda, várias empresas de ônibus tiraram seus carros de circulação, deixando milhões de pessoas sem transporte. Os habituais congestionamentos nas ruas da capital paulista se agravaram ainda mais. O governador de SP disse à Folha de São Paulo que já sabia dos ataques há 20 dias. Policiais que atuam nas ruas, porém, protestaram que não foram avisados.
“A SITUAÇÃO SE INVERTEU”

Em entrevista coletiva concedida na tarde de sábado, Lembo afirmou que sabia desde a noite de quinta-feira que os criminosos ligados ao PCC planejavam ataques e várias medidas foram tomadas, o que teria evitado um número maior de mortos. A julgar pelo pronunciamento das entidades citadas acima, entre essas medidas não esteve o alerta à maioria dos agentes de segurança que atuam nas ruas. Em entrevista ao blog de Ricardo Noblat, Walter Fanganiello Maierovitch, ex-secretário nacional anti-drogas (do governo FHC), criticou a atuação da Secretaria de Segurança Pública de SP:

“O CONTROLE É TOTAL”
Maierovitch também criticou a atitude do governador Lembo que recusou ajuda federal para enfrentar a onda de ataques: “Isso mostra como é o sistema de segurança. E como falta uma comunicação e uma coordenação. O Estado, diante da gravidade desta situação, evidentemente que não está capacitado. E qualquer ajuda é fundamental e deveria ser bem aceita. Estamos com 60 mortes, São Paulo virou uma Bagdá. Isso mostra um problema político: o governo federal é PT, o estadual é PFL. O do Rio é PMDB. O Estado acha uma diminuição aceitar qualquer ajuda do governo federal. Passa a ter um interesse eleitoreiro que contraria o interesse público”. Em Nova York, o ex-presidente FHC, disse a jornalistas que os ataques em São Paulo mostram o fracasso dos serviços de informação no Brasil. “Caímos na real. É um mundo com modificações de técnicas do crime, que criaram mobilidade no crime organizado, com meios modernos de comunicação”.

“O DIA MAIS TRANQÜILO”
No final da tarde desta segunda, o comandante da Polícia Militar de SP, coronel Eliseu Éclair, fez eco às palavras do governador, dizendo que a situação está sob controle e que hoje (segunda) foi “o dia mais tranqüilo” de todos os dias de tumulto em São Paulo. “Os ataques foram centralizados em imóveis e não nas pessoas”, justificou. O coronel Éclair também criticou o sensacionalismo de alguns veículos de comunicação que estariam criando pânico junto à população, garantindo não haver motivo para fechamento de lojas, shoppings, escolas e universidades. Além disso, rejeitou a ajuda oferecida pelo governo federal, argumentando que a polícia paulista é modelo para o Brasil e pode dar conta sozinha do problema. As declarações do governador e do comandante da PM estão na contra-mão tanto do que dizem as entidades de servidores da área da segurança, quanto de declarações de algumas lideranças tucanas que culparam o governo federal pela crise.
O senador Álvaro Dias (PSDB/PR), falando no plenário do Congresso, atribuiu à “incompetência e ao descaso do governo federal” os distúrbios e ataques em São Paulo. A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) criticou a redução de recursos para a área de segurança pública (que teriam caído 11% em 2005%). No entanto, as principais autoridades da segurança pública e o governador garantem que a polícia do Estado está bem equipada, é modelo para o país, que a situação está sob controle, que não há motivo para pânico e tampouco para ajuda de forças de segurança do governo federal. Se é assim, não há motivos para queixas e a população de São Paulo pode ir dormir tranqüila. Como diz o governador Cláudio Lembo, “o controle é o total” e não há motivos para preocupações quanto ao futuro. Como disse Garrincha, certa vez, logo após ouvir a preleção de seu técnico: “e o adversário, já combinaram com ele isso?”
Um comentário:
Estou cheio de ouvir a frase pessimista e lugar comum:
“Tudo vai acabar em Pizza”
Até numa situação séria como essa dos ataques do PCC não deixamos de ouvi-la.
Hoje dei uma sugestão de receita de pizza. Se puder, dê uma olhada.
Um abraço
Marco Aurélio
Postar um comentário