terça-feira, maio 23, 2006

MP diz que Governo de São Paulo foi omisso, negligente e incompetente

O Ministério Público de São Paulo foi duro ao criticar o governo estadual nesta sexta-feira (19), durante uma audiência pública realizada na Assembléia Legislativa. Convocada pelas comissões de direitos humanos da Câmara dos Deputados, Assembléia Legislativa e Câmara Municipal de São Paulo, a audiência revelou a indignação do Poder Judiciário e da sociedade civil com a onda de violência que invadiu a cidade e que não parou de fazer vítimas.

Não vejo como abordar o problema sem concluir que tudo isso é resultado da omissão, negligência e incompetência das autoridades estaduais de segurança pública. Há cinco anos, São Paulo foi surpreendida pela eclosão de uma mega rebelião em 29 unidades prisionais em todo o estado, a maior do Brasil à época. A rebelião de hoje é muito maior do que aquela e a maior do mundo ocidental”, disse Carlos Eduardo Cardoso, conselheiro de direitos humanos do Ministério Público. “Portanto, é inadmissível que os comandantes das polícias e administradores maiores da segurança continuem em seus cargos depois do espetáculo de sangue a que assistimos. Inúmeras vezes, esses mesmos administradores fizeram declarações públicas de que o PCC estava derrotado, que o aparelho do Estado trabalhava diuturnamente com inteligência para isso. Mas não era verdade. Mentiram, enganaram todos nós. E eu falo de omissão e negligência para afastar a hipótese de conivência”, afirma Cardoso.

Para o promotor, o governador Cláudio Lembo é vítima dessa história, porque não foi ele que escolheu as autoridades no comando. No entanto, disse que espera que, no momento oportuno, Lembo tenha a coragem de substituí-los. O presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, descreveu o resultado como a “história de uma tragédia anunciada”.

Não se teve vontade política para desbaratar o PCC. O governo estadual foi de uma omissão e de um desleixo imperdoáveis. São oito anos que um grupo de arma e se estrutura em São Paulo e nada se fez. É um anúncio que ultrapassa o lapso temporal aceitável. De onde vieram essas armas? Alguém tem que responder por isso”, questiona.

Fonte: Carta Maior

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